Há três semanas que 10.000 trabalhadores da empresa norte-americana de equipamentos agrícolas Deere & Co, a maior do mundo no setor, estão em greve. Este é considerado o maior protesto na empresa das últimas três décadas e vai continuar. Esta terça-feira, uma maioria de 55% rejeitou o acordo alcançado entre o sindicato United Auto Workers e a empresa.
Os trabalhadores sublinham que a empresa está a ter lucros recorde. Em 2021 são esperados ganhos na ordem dos 5,7 a 5,9 mil milhões de dólares. E os seus executivos estão a obter fortes aumentos salariais. O seu CEO, John May, por exemplo passou de um salário de cinco milhões de dólares em 2019 para um salário de 16 milhões em 2020. Para si, exigem “a possibilidade de ganhar um salário decente, uma reforma com dignidade e estabelecer regras de trabalho justas”, explica Chuck Browning, vice-presidente da UAW.
Das 14 fábricas em greve só duas, com cerca de cem trabalhadores, no Colorado e na Georgia, aceitaram o acordo. As outras, no Illinois, Iowa e Kansas, rejeitaram esta segunda proposta de acordo apresentada pela empresa. Nela estava previsto, segundo o UAW, um aumento de 10% em 2021 e de 5% em 2023 e 2025 e um bónus de 3% em 2022, 2024 e 2026. A proposta anterior da Deere era de cerca de metade desta, mas os trabalhadores acreditam que ainda conseguirão chegar a um melhor resultado.
Ao Des Moines Register, Irving Griffin, operador de empilhadora que trabalha na empresa há 11 anos, justificou o voto contra o acordo dizendo precisamente que acredita que a empresa pode pagar mais. Por sua vez, Douglas Woolam, que trabalha há 23 anos para a Deere no local em que foi fundada, em Moline, Illinois, explica que votou contra o acordo porque este não dá o suficiente à maioria dos trabalhadores que estão nos escalões salariais mais baixos. Vindo de uma família que tem trabalhado para a empresa há 75 anos, recorda ainda que o seu pai se reformou com um salário maior do que aquele que ele ganha neste momento.
A seu favor, estes trabalhadores têm ainda a experiência recente dos trabalhadores de uma fábrica de camiões da Volvo na Virgínia que conseguiram obter melhorias salariais e custos mais baixos nos planos de saúde depois de terem rejeitado três propostas de contratos coletivos apresentados pela administração. Contam ainda com a falta de mão de obra que está a atingir vários setores e a aumentar o poder negocial dos sindicatos norte-americanos.