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EUA: Imigração controla opiniões políticas nas contas de Facebook

Advogada acusa governo de interrogar imigrantes sobre as suas convicções políticas, com informações dos seus perfis no Facebook. Decreto anti-imigração de Trump provoca protestos de republicanos e de democratas, que querem revogá-lo. No Reino Unido, petição anti Trump ultrapassa um milhão de assinaturas.
Protestos no Aeroporto de São Francisco, manifestante com cartaz a dizer "Trump fora, refugiados dentro".
Protestos no Aeroporto de São Francisco, manifestante com cartaz a dizer "Trump fora, refugiados dentro". Foto de Peter DaSilva/EPA/Lusa.

O jornal The Independent ecoa a denúncia da advogada Mana Yegani, residente em Houston, no Texas, que os agentes fronteiriços norte americanos controlam os perfis de Facebook dos viajantes para verificar as suas posições políticas antes de permitir que entrem no país. 

Mana Yegani trabalha na Associação Americana de Advogados de Imigração e acusa o governo de estar a deter pessoas com visto legal de entrada nos Estados Unidos e de os interrogar sobre as suas crenças políticas, baseando-se nos conteúdos dos seus perfis no Facebook, antes de lhes permitir entrada no país. 

Democratas querem revogar decreto

Na sexta feira à tarde, Trump assinou uma ordem executiva para proibir a entrada de pessoas de sete nacionalidades (Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen) de países maioritariamente muçulmanos, independentemente de terem visto ou mesmo autorização de residência nos Estados Unidos. Ironicamente, a ordem foi assinada no dia da Memória do Holocausto, no mesmo dia em que Trump também suspendeu o programa norte americano a favor dos refugiados por 120 dias.

A Casa Branca afirmou que irá considerar receber refugiados cristãos sírios, apesar de os restantes refugiados sírios estarem banidos por um período indefinido. A entrada nos Estados Unidos de pessoas com nacionalidades destes sete países está banida por 90 dias. Esta decisão foi condenada pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e a Organização Internacional para as Migrações que lembraram, num comunicado conjunto, que "as necessidades dos refugiados e migrantes em todo o mundo nunca foram tão grandes e o programa dos EUA para o acolhimento de refugiados é um dos mais importantes do mundo" e acrescentam que "a longa tradição política norte americana de receber refugiados criou uma situação em que todos têm a ganhar: salvou as vidas de algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo que, por sua vez, enriqueceram e fortaleceram as nossas novas sociedades".

A medida está a ser alvo de muita crítica, não só internacionalmente, mas também dentro do próprio país. Vários membros do Partido Republicano criticam Trump e exigem a revisão ou revogação da medida. Aproveitando esta onda de contestação, os democratas anunciaram que irão avançar com a revogação do decreto de Trump e a limitação da sua autoridade executiva no tema da imigração, com duas propostas de lei que planeiam apresentar esta semana.

Petição anti Trump no Reino Unido com mais de um milhão de assinaturas

Theresa May foi a primeira líder estrangeira a visitar Trump na Casa Branca, onde foram fotografados de mãos dadas e Trump lhe garantiu que queria assinar um acordo comercial com o país depois da assinatura do Brexit. May recusou inicialmente condenar o decreto de lei anti-imigração de Trump, sendo duramente criticada por isso, até por deputados do seu Partido Conservador.

A sociedade britânica, por seu lado, não vê o Presidente norte americano com os mesmo olhos da Primeira Ministra e está a circular uma petição exigindo o cancelamento da visita de Estado de Trump ao Reino Unido que já reuniu quase um milhão e duzentas mil assinaturas. O documento refere-se à “documentada misoginia e falta de maneiras” de Trump, razão pela qual não deveria ser permitida a sua entrada no país, nem que conhecesse a rainha. “Durante o seu mandato, Donal Trump não deve ser convidado a uma visita oficial ao Reino Unido”, conclui a petição, que pode ser lida aqui.

Protestos em aeroportos por todo o país e à frente da Casa Branca

Ao longo de todo o fim de semana, milhares de pessoas protestaram em vários aeroportos dos EUA pela libertação das pessoas barradas à entrada no país. Em frente à Casa Branca e do edifício do Capitólio também se reuniram milhares de pessoas com palavras de ordem como “os refugiados são bem vindos”, “Trump fora, refugiados dentro” ou “não ao ódio, não ao medo”. Em Nova York, os protestos espalharam-se para o Battery Park, que fica em frente à Estátua da Liberdade, um lugar icónico para o acolhimento de imigrantes no país.

Entretanto, as ações interpostas em tribunal por associações de defesa dos direitos civis em nome de alguns desses passageiros tiveram resposta positiva por parte de dois juízes, que bloquearam as deportações. No entanto, o bloqueio judicial à ordem de Trump protege apenas as 100 a 200 pessoas que já deram entrada nos EUA. A proibição continua vigente e está a ser aplicada nos aeroportos de todo o mundo.

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