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EUA entregam a Guaidó o controle da petrolífera Citgo

Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, o senador norte-americano Marco Rubio anunciou que o autodeclarado “presidente interino” da Venezuela “nomeará uma nova direção” da Citgo, que será reconhecida pelos EUA.
Já a 29 de janeiro tinha sido anunciado que a administração norte-americana tinha dado a Guaidó o controle da Citgo, da petrolífera venezuelana PDVSA e de outros ativos da Venezuela no estrangeiro1. O “New York Times” referiu que a lista de ativos enumerados pelo departamento de Estado dos EUA, também indicava especificamente as contas do Governo da Venezuela ou do Banco Central venezuelano que estão na Reserva Federal de Nova York.
Contudo, enquanto a entrega do controle da PDVSA a Guaidó tem significado no que se refere às suas contas no exterior e ao comércio internacional, o controle da Citgo é direto e decisivo, mesmo no que se refere à PDVSA.
Citgo, a “jóia da coroa”
Em entrevista à revista uruguaia Brecha, o economista venezuelano Manuel Sutherland afirma que o “bloqueio petrolífero” à Venezuela será feito através da “entrega da Citgo a Guaidó”.2
A Citgo é uma empresa venezuelana que opera nos EUA com cerca de 3.500 empregados e 16 mil instalações, incluindo refinarias e cerca de 5.000 estações de serviço. A empresa compra o petróleo venezuelano “médio e pesado”, refina-o e vende-o nos Estados Unidos. Esta petrolífera vende ainda “metade dos diluentes necessários” ao petróleo que a Venezuela produz.
O economista considera que a Citgo é a “jóia da coroa”, salientando que atualmente é quase a única fonte de receitas em dinheiro da Venezuela.
A France243 considera que a Citgo “foi essencial na sobrevivência do regime chavista”, pois foi decisiva para a venda do petróleo venezuelano nos EUA. Citando declarações do politólogo Ivo Hernandez à Deutsche Welle, a cadeia francesa realça que as receitas da Citgo foram “as únicas fontes regulares de dinheiro” que garantiram o funcionamento da “máquina estatal venezuelana” e sublinha ainda que a empresa importa, pelo menos, 175.000 barris por dia de petróleo bruto venezuelano.
A empresa tem sido ainda importantíssima para o Governo de Maduro noutra vertente, pois tem servido como garantia de empréstimos, com três hipotecas atualmente, sendo a Rússia “virtualmente proprietária de 49%” da Citgo.
Para Sutherland, a perda da Citgo implicará para o Governo de Maduro “uma crise por escassez de gasolina”, “uma redução imediata das exportações de petróleo”, uma perda das receitas do que a empresa compra à PDVSA e a “perda da sua principal fonte de divisas”.
Artigo de Carlos Santos para esquerda.net
Notas:
2 “Estoy en contra de una invasión militar, pero no puedo aplaudir a este gobierno”, entrevista de Manuel Sutherland à revista uruguaia Brecha e disponível em SinPermiso.info.
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