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EUA: demissões no comando contra Estado Islâmico

Brett McGurk, enviado especial dos EUA para a coligação militar contra o Estado Islâmico, demitiu-se este sábado após Trump ter anunciado a retirada dos 2 mil militares norte-americanos da Síria. Trump afirma que o Estado Islâmico foi vencido.
McGurk diz que recebeu a notícia “com choque” e que os parceiros estão “confusos” e “desnorteados”. As tropas dos EUA estavam a apoiar militarmente os curdos do YPG no combate ao Estado Islâmico.
Através de um email enviado à sua equipa, e posteriormente divulgado pela comunicação-social norte-americana, McGurk afirma que esta decisão de Trump foi “um total revés das políticas que nos foram articuladas”. Trump age, assim, à revelia da sua equipa, instalando o caos políticos entre os seus próprios aliados. Aliás, há algum tempo que ameaçava ir contra o próprio partido e o próprios conselheiros, e concretizou-o agora, indo também contra o Pentágono e aliados europeus.
McGurk já tinha sido nomeado enviado especial em outubro de 2015, pela administração Obama. Permaneceu no cargo durante a administração Trump, ainda que o atual presidente tenha, no decorrer da campanha, criticado dura e constantemente a estratégia de combate ao Estado Islâmico durante a administração Obama. Aliás, Trump chegou a afirmar publicamente que sabia “muito mais sobre o Estado Islâmico do que os generais”.
Esta é a segunda demissão importante na administração norte-americano no decorrer desta decisão, seguindo-se à de Jim Mattis, secretário da Defesa, que afirmou ser importante manter a “solidariedade das nossas alianças”.
Marc Rubio, senador republicano na Flórida, considerou este anúncio de Trump “um grande erro” que, “se não for revertido, vai assombrar esta admnistração e a América durante anos”. Lindsey Graham, senador da Carolina do Sul, afirmou que o Estado Islâmico não foi derrotado e que a decisão de retirada será vista como um incentivo para o seu regresso. Também afirmou que milhares permanecem no terreno e são letais.
Just heard White House spokesperson claim ISIS is defeated in Syria.
According to all available information, thousands of ISIS fighters still remain and are lethal in Syria.
— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) December 21, 2018
Quer ainda saber quais são as estimativas do Pentágono sobre o erguimento do Estado Islâmico e o destino dos aliados curdos após a retirada.
Especially we must NOW hear from the Pentagon about the likelihood of the rise of ISIS and the fate of our Kurdish allies in Syria.
— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) December 21, 2018
Trump, contudo, não dá quais respostas, afirmando simplesmente que prejudicou “mais o Estado Islâmico do que todos os outros presidentes recentes”.
I’ve done more damage to ISIS than all recent presidents....not even close!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 21, 2018
A retirada destas duas mil tropas podem resultar numa nova realidade geoestratégica na guerra que existe na Síria desde 2011, estimando-se que a Rússia e o Irão possam ganhar com a retirada da Síria, já que poderão tentar preencher o “vácuo secutário deixado pelos EUA no Este da Síria”, de acordo com o Institute For The Study of War.
Também poderá indagar-se sobre o que fará a Turquia, que, após ter feito uma grande ofensiva sobre o noroeste da Síria no início de 2018, se coibiu de alargar até ao noroeste do país devido à presença dos EUA, seus aliados na NATO, e das tropas dos cursos do YPG. Contudo, Erdoğan coloca o Estado Islâmico e o YPG ao mesmo nível: “Nos próximos meses, vamos adotar um estilo operacional direcionado para a eliminação do elementos do PKK-YPG e resíduos do Estado Islâmico”, afirmou Erdoğan na passada sexta-feira.
Entretanto, já Graham veio dizer que os EUA “responsabilizarão a Turquia por quaisquer ações que destruam os aliados curdos da América que lutaram corajosamente contra o ISIS”.
We will hold Turkey accountable for any actions to destroy America’s Kurdish allies who have fought so bravely against ISIS.
If this happens we will, in my view, put Erdogan in the same category as MBS of Saudi Arabia.
— Lindsey Graham (@LindseyGrahamSC) December 21, 2018
Com sete anos de guerra, registam-se meio milhão de mortos e constantes alterações no mapa político e estratégico da região.
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