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Espanha: vitória do PSOE, maioria à esquerda possível

O PSOE venceu as eleições em Espanha com perto de 30% dos votos. Pode formar maioria à esquerda com o Podemos e partidos independentistas. Grande derrotado é o PP, com a direita fragmentada em três partidos e a extrema-direita a estrear-se no parlamento.
Congresso dos Deputados, Madrid. Foto de Luis Modino Martínez/Flickr.
Congresso dos Deputados, Madrid. Foto de Luis Modino Martínez/Flickr.

O PSOE venceu as eleições em Espanha e pode formar maioria à esquerda com o Unidas Podemos e partidos nacionalistas. Com 98% dos votos contados, o PSOE somava 28,9% dos votos e 123 deputados, seguido do PP (16,8%, 66 deputados), Ciudadanos (16%, 57), Unidas Podemos (14,4%, 42), e o estreante Vox (10,3%, 24). Os restantes lugares repartiram-se por partidos nacionalistas e independentistas. que serão cruciais para formar uma maioria. Na Catalunha, partidos independentistas venceram pela primeira vez em eleições legislativas.

Juntando as parcelas, PSOE e Unidas Podemos somam 165 lugares no parlamento, enquanto à direita PP, Ciudadanos e Vox somam 147. Ambos ficam longe da fasquia de 176 lugares para uma maioria parlamentar. Não houve assim surpresas em relação às sondagens e projeções à saída das urnas. O PSOE recupera a posição de liderança a partir do centro-esquerda, rechaçando o avanço do Podemos pela sua esquerda; enquanto a direita se fragmenta em três partidos, com o PP a ver ameaçada a sua liderança do campo da direita. Após perder votos pelo centro para o Ciudadanos, perde agora também votos para a extrema-direita do Vox e regista o pior resultado eleitoral da sua história.

Em termos de possíveis coligações para formar maioria, aritmeticamente o PSOE forma maioria com o Ciudadanos (180 deputados), mas esse cenário parece posto de parte — após ter sido recusado pelos respetivos líderes nos debates eleitorais, Albert Rivera, líder do Ciudadanos, reiterou no discurso da noite eleitoral que o partido pretende liderar a oposição na próxima legislatura.

Por sua vez, Pablo Iglesias, reconhecendo que o resultado de Unidas Podemos podia ter sido melhor, afirmou que ainda assim é suficiente para garantir que o "bloco progressista" é superior ao "bloco das direitas e da extrema-direita", e acrescentou que a prioridade agora é construir "um governo de coligação de esquerdas". Face à necessidade de um entendimento com partidos regionais para formar uma maioria pela esquerda, Iglesias sublinhou que Espanha é plurinacional e "basta ver os resultados na Catalunha e no País Basco", pois "quem não entender isso, não entende a Espanha".

Efetivamente, a questão nacional vai continuar a ser central na política espanhola, com as forças nacionalistas e independentistas a registar vitórias que as tornam imprescindíveis para qualquer maioria à esquerda. Na Catalunha, o independentismo superou pela primeira vez em eleições legislativas o espanholismo. Com uma grande participação eleitoral, que disparou quase 20 pontos percentuais e foi a maior desde o início dos anos 80, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) ficou à frente com 24,6% dos votos, subindo de 9 para 15 deputados. Em segundo lugar ficou o PSC, braço catalão do PSOE, que passou de 16 para 22% dos votos e de 7 para 12 deputados. Em terceiro, quase simetricamente ao PSC, ficou o En Comú Podem, braço do Podemos, que passou de de 24,5 para 14,9% dos votos, 12 para 7 deputados. Segue-se a direita independentista do Junts per Catalunya, partido de Carles Puigdemont (desceu de 8 para 7) e o Ciudadanos (mantém 5 deputados). O PP colapsou também na região, reduzido de 5 deputados a um, enquanto o Vox conquistou um deputado. Os independentistas (ERC e JpC) somam assim 22 deputados, enquanto as forças anti-independentistas (PSC, Ciudadanos, PP e Vox) contam 19.

No País Basco, venceu a direita basca enquanto a direita espanholista foi varrida do mapa. O centro-direita do Partido Nacionalista Basco (PNV) venceu com 31% dos votos e 6 deputados, mais um que em 2016. Segue-se o PSE-EE, braço local do PSOE (20% dos votos, 4 deputados, +1), Unidas Podemos (17,6%, 4 deputados, -2), e a esquerda abertzale independentista do EH Bildu, sucessor do partido Batasuna (16,7%, 4 deputados, +2). A direita espanholista desapareceu, com o PP a perder os dois deputados que tinha, incluindo no seu feudo de Vitória/Alava, cidade que governa. Ciudadanos e Vox tão pouco conquistaram deputados na região.

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