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Espanha: PP conspirou para fabricar escândalos contra independentistas catalães

O ministro do Interior de Espanha, Fernandéz Díaz do PP, tentou fabricar escândalos contra líderes independentistas catalães e disse, na altura, que Rajoy sabia de tudo. Líderes de Unidos Podemos, PSOE, Ciudadanos, ERC e CDC pedem demissão do ministro.
Ministro do Interior de Espanha tentou fabricar escândalos contra líderes independentistas catalães e disse que o presidente do governo sabia de tudo - Foto de Mariano Rajoy e Fernandéz Díaz
Ministro do Interior de Espanha tentou fabricar escândalos contra líderes independentistas catalães e disse que o presidente do governo sabia de tudo - Foto de Mariano Rajoy e Fernandéz Díaz

Segundo gravações divulgadas, nesta terça-feira 21 de junho, pelo publico.es, Fernandéz Díaz conversou com o diretor da Oficina Antifraude catalã, Daniel de Alfonso, para tentar incriminar líderes políticos independentistas da ERC (Esquerra Republicana Catalanya) e da CDC (Convergència Democràtica de Catalunya) em falsos casos de corrupção.

Nas gravações divulgadas (ver em publico.es), Fernandéz Díaz assegura a Daniel de Alfonso que “o presidente do governo [Mariano Rajoy] sabe”. O publico.es salienta que “com esta frase” o ministro confirmava a 16 de outubro de 2014, poucas semanas antes do referendo de 9 de novembro sobre a independência da Catalunha (ver notícia no esquerda.net), que Rajoy estava a par do plano do seu ministro do Interior para tentar fabricar casos que desprestigiassem os líderes independentistas catalães.

Sobre o caso, Fernandéz Díaz afirmou que “a única conspiração é a difusão de uma gravação a quatro dias das eleições”. Mariano Rajoy, em entrevista nesta quarta-feira à rádio espanhola Onda Cero, desvaloriza as gravações divulgadas, dizendo que “são duas pessoas a conversar de temas da sua competência”. Rajoy nega ainda que tenha tido conhecimento da conversa entre Fernandéz Díaz e Daniel de Alfonso e diz que o seu governo nunca fabricou notícias para atacar os seus adversários políticos.

O site eldiario.es lembra que em 2014 revelou que a polícia tinha uma unidade secreta para vasculhar “informação comprometedora de políticos independentistas”.

Demissão imediata do ministro do Interior do PP

Perante a divulgação das gravações a poucos dias das eleições legislativas de 26 de janeiro em Espanha, os principais líderes políticos já tomaram posição.

“Ouvi as gravações e vemos um ministro aparentemente usando o seu cargo e recursos públicos para investigar rivais políticos” comentou Pablo Iglesias, segundo o “El Pais”. O líder do Podemos considerou que é “uma das coisas mais graves que ocorreu neste país” e realçou: “É de suficiente gravidade para que houvesse demissões de imediato”.

Pedro Sánchez, líder do PSOE, afirmou que “o senhor Fernandéz Díaz tem que abandonar imediatamente a vida política”.

O líder do partido de direita Ciudadanos, Alberto Rivera, declarou: “Se as gravações do ministro Jorge Fernandéz Díaz são certas, ele deveria demitir-se de imediato”. Rivera diz ainda que “em democracia, a polícia está ao serviço da democracia, não dos partidos políticos”.

A secretária-geral da ERC, Marta Rovira, pediu também a demissão imediata do ministro do Interior do PP e do diretor da Oficina Antifraude da Catalunha. “Constata-se o que já sabíamos, que há um Estado que conspira constantemente contra as garantias democráticas, contra os partidos. É uma conduta aberrante em democracia. Para proteger o Estado de direito têm que se demitir”, afirmou Marta Rovira.

“Isto é próprio de uma república das bananas, não de um Estado democrático e de direito”, considerou Francesc Homs da CDC que pediu a demissão do ministro do PP e disse, referindo-se a Daniel de Alfonso, que o parlamento catalão deve demiti-lo.

O líder da Izquierda Unida, Alberto Garzón, escreveu no twitter: “A infame atuação do ministro Fernandéz Díaz é expressão do que é o PP: um partido que crê que Espanha é a sua quinta privada”.

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