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Erdogan manda prender deputados da oposição

Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, co-presidentes do Partido Democrático do Povo (HDP), foram presos esta quinta-feira à noite em Diyarbakir e Ankara, respetivamente.
A operação policial ainda está em curso e à meia-noite (hora portuguesa) estavam confirmados 11 deputados do HDP detidos, enquanto circulavam rumores de que existem mandados de detenção para todos os 59 parlamentares.
Ministry of Interior statement confirms 11 HDP MPs have been detained tonight. These are the names pic.twitter.com/9dfLRR3dMA
— Mutlu Civiroglu (@mutludc) November 4, 2016
A sede nacional do partido também foi alvo de uma rusga policial e o acesso às redes sociais foi cortado em boa parte do país logo após o início da operação policial.
Imagens da entrada da polícia na casa de Figen Yuksekdag, co-líder do HDP:
#Yüksekdağ: Savcınız da haydut siz de haydutsunuz! pic.twitter.com/drI9aPry7u
— HDP (@HDPgenelmerkezi) 3 de novembro de 2016
O resultado do HDP – partido maioritário nas regiões do leste da Turquia, com maioria curda, que defende os direitos do povo curdo, das mulheres e LGBT –, ao ultrapassar os 10% nas últimas eleições, retirou a maioria absoluta ao AKP, o partido do presidente Erdogan. Em maio, por proposta do AKP, o parlamento aprovou o levantamento da imunidade parlamentar aos deputados acusados de associação ao terrorismo, uma decisão vista como tendo como alvo os deputados do HDP.
Após o golpe falhado de 15 de julho, que foi prontamente condenado por todos os partidos turcos, incluindo o HDP, foi declarado o estado de emergência no país. Desde então, Erdogan concentrou em si o poder político e governa por decreto, purgando dezenas de milhares de funcionários públicos, militares e polícias acusados de cumplicidade com o golpe.
Police raid in HDP HQ pic.twitter.com/XSN6G5Sha8
— HDP Foreign Affairs (@hdpdiplomacy) 4 de novembro de 2016
Numa segunda fase, os poderes concedidos pelo estado de emergência – que foi recentemente prolongado até janeiro de 2017 – têm servido para esmagar a oposição curda, sob acusação de cumplicidade com o PKK, a organização armada independentista curda. Nas últimas semanas, dezenas de presidentes de municípios eleitos nas regiões de maioria curda foram saneados por decreto e substituídos por elementos afetos ao regime. Esta semana, os dois co-presidentes da câmara de Diyarbakir foram detidos e o HDP saiu em sua defesa.
A declaração de Selahattin Demirtas esta quinta-feira a condenar essas prisões foi alvo de uma acusação do procurador de Diyarbakir, acusando o líder do HDP de incitamento à desobediência e injúrias contra o presidente turco. Demirtas tinha classificado como “mentiras” as acusações feitas aos dois autarcas de apoio ao terrorismo e desafiou o procurador a provar as supostas ligações ao terrorismo. Na quarta-feira, o comité executivo do HDP anunciou que não iria reconhecer os elementos nomeados pelo governo para liderar a gestão da cidade:
#HDP Central Executive Board's statement:
"We do not recognize the appointment of a trustee to run Diyarbakır Metropolitan Municipality" pic.twitter.com/7J90vTht4t— HDP Foreign Affairs (@hdpdiplomacy) 2 de novembro de 2016
“Até que os nossos líderes municipais voltem ao trabalho, haverá resistência e luta”, prometeu Demirtas, horas antes de ser preso.
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