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Erdogan manda prender deputados da oposição

Os líderes do partido pró-curdo HDP foram detidos pela polícia turca, juntamente com vários deputados. O presidente turco está a usar o estado de emergência para tentar esmagar a oposição que lhe tirou a maioria absoluta.
Comício do HDP
Comício do HDP em Diyarbakir, junho 2015. Foto Dogan Ucar/Flickr

Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, co-presidentes do Partido Democrático do Povo (HDP), foram presos esta quinta-feira à noite em Diyarbakir e Ankara, respetivamente.

A operação policial ainda está em curso e à meia-noite (hora portuguesa) estavam confirmados 11 deputados do HDP detidos, enquanto circulavam rumores de que existem mandados de detenção para todos os 59 parlamentares.

A sede nacional do partido também foi alvo de uma rusga policial e o acesso às redes sociais foi cortado em boa parte do país logo após o início da operação policial.

Imagens da entrada da polícia na casa de Figen Yuksekdag, co-líder do HDP:

O resultado do HDP – partido maioritário nas regiões do leste da Turquia, com maioria curda, que defende os direitos do povo curdo, das mulheres e LGBT –, ao ultrapassar os 10% nas últimas eleições, retirou a maioria absoluta ao AKP, o partido do presidente Erdogan. Em maio, por proposta do AKP, o parlamento aprovou o levantamento da imunidade parlamentar aos deputados acusados de associação ao terrorismo, uma decisão vista como tendo como alvo os deputados do HDP.

Após o golpe falhado de 15 de julho, que foi prontamente condenado por todos os partidos turcos, incluindo o HDP, foi declarado o estado de emergência no país. Desde então, Erdogan concentrou em si o poder político e governa por decreto, purgando dezenas de milhares de funcionários públicos, militares e polícias acusados de cumplicidade com o golpe.

Numa segunda fase, os poderes concedidos pelo estado de emergência – que foi recentemente prolongado até janeiro de 2017 – têm servido para esmagar a oposição curda, sob acusação de cumplicidade com o PKK, a organização armada independentista curda. Nas últimas semanas, dezenas de presidentes de municípios eleitos nas regiões de maioria curda foram saneados por decreto e substituídos por elementos afetos ao regime. Esta semana, os dois co-presidentes da câmara de Diyarbakir foram detidos e o HDP saiu em sua defesa.

A declaração de Selahattin Demirtas esta quinta-feira a condenar essas prisões foi alvo de uma acusação do procurador de Diyarbakir, acusando o líder do HDP de incitamento à desobediência e injúrias contra o presidente turco. Demirtas tinha classificado como “mentiras” as acusações feitas aos dois autarcas de apoio ao terrorismo e desafiou o procurador a provar as supostas ligações ao terrorismo. Na quarta-feira, o comité executivo do HDP anunciou que não iria reconhecer os elementos nomeados pelo governo para liderar a gestão da cidade:

“Até que os nossos líderes municipais voltem ao trabalho, haverá resistência e luta”, prometeu Demirtas, horas antes de ser preso.

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