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Entre 2010 e 2017, salário dos patrões aumentou 50%

Neste período, os presidentes-executivos (CEO) das empresas cotadas do PSI-20 registaram um aumento salarial de 49,7%. Já os trabalhadores perderam 6,2%. O Bloco apresentou um projeto de lei de combate à desigualdade salarial que foi chumbado pelos votos de PS, PSD e CDS.
Foto Inácio Rosa, Lusa.

Entre 2010 e 2017, o fosso salarial entre as remunerações dos CEO das empresas e o salário médio dos trabalhadores agravou-se. Em 2017, as remunerações brutas anuais dos CEO das empresas do PSI-20 eram, em média, 33 vezes superiores aos salários dos trabalhadores.

Em 2010, os CEO ganhavam 24 vezes mais. Em alguns casos, a disparidade é ainda mais flagrante, com os CEO a auferirem remunerações 160 vezes superiores ao salário médio dos trabalhadores da mesma empresa.

De acordo com o Expresso, no final de 2017, a remuneração média dos presidentes executivos das empresas do PSI-20, tendo em conta as componentes fixa e variável, e excluindo complementos de reforma e outros benefícios sociais, era de quase um milhão de euros.

Exceptuando a Pharol (ex-PT SGPS), devido à impossibilidade de obter dados comparativos fiáveis, os CEO das restantes 17 empresas arrecadaram praticamente 17 milhões de euros no último ano. A média das suas remunerações subiu perto de 50% nos últimos oito anos.

Já no que respeita aos trabalhadores, a realidade é muito diferente. Face a 2010, a média salarial dos trabalhadores registou, no ano passado, uma descida de 6,2%. O salário médio bruto anual ponderado nestas empresas passou de 22.865 euros para 21.451 euros.

Empresas como a Altri, BCP, Grupo Ibersol, Mota-Engil, Navigator, Sonae Capital e Ramada nivelaram por baixo os salários praticados.

No pódio dos mais bem pagos do PSI-20 surge António Mexia, CEO da EDP, com uma remuneração de 2,2 milhões de euros (entre componente fixa e variável) em 2017, 39 vezes superior face ao salário médio dos seus trabalhadores. O seu salário aumentou 116,9% entre 2010 e 2017, enquanto o aumento do salário médio dos trabalhadores ficou-se pelos 23,7%.

Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo Martins, amealhou em 2017 2 milhões de euros, 160 vezes mais do que o salário médio anual dos seus trabalhadores. Entre 2010 e 2017, o seu salário subiu 161%.

Paulo Azevedo, co-CEO da Sonae, aufere 37 vezes mais do que a média dos seus trabalhadores. Já na Mota-Engil, Gonçalo Moura Martins tem uma remuneração 41 vezes superior à dos seus trabalhadores.

“É esta a desigualdade que precisamos de acabar é sobre ela que precisamos de intervir”

Na semana passada, o deputado bloquista José Soeiro apresentou na Assembleia da República o projeto de lei de combate à desigualdade salarial.

Na sua apresentação, o deputado referiu que “Portugal é o quarto país da União Europeia com a maior desigualdade salarial”, salientou que o agravamento da desigualdade salarial entre os salários dos trabalhadores e os “vencimentos supersónicos” dos gestores é uma “tendência preocupante” em Portugal e no mundo.

Na votação, o projeto apresentado pelo Bloco foi chumbado pelos votos de PS, PSD e CDS.

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