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Enfermeiros de Lisboa em greve, médicos preparam luta

Enfermeiros exigem a contratação de mais profissionais e paralisam no dia 16 e aos fins de semana e feriados até maio. Médicos não aceitam discriminação na reposição do pagamento das horas extra.
Foto Paulete Matos.

Os profissionais de saúde estão descontentes com o governo e os próximos meses serão de luta. No caso dos enfermeiros do Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Norte – que abrange as unidades de saúde de Alvalade, Sete Rios, Benfica, Boavista, Carnide, Luz, Lumiar, Charneca, entre outras –, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses convocou uma greve para o dia 16 de março, com concentração em frente ao Centro de Saúde de Sette Rios, seguida de dois meses de paralisação aos fins de semana e feriados.

“A carência de enfermeiros é evidente. Existem 325 mil utentes inscritos para um total de 126 enfermeiros. São necessários cerca de mais 140 para dar resposta às reais necessidades dos utentes”, alerta o comunicado do sindicato.

As consequências da falta de enfermeiros nestas unidades de saúde tem provocado o enfraquecimento da resposta aos utentes, com a redução do horário de atendimento nas consultas de enfermagem de saúde infantil e materna, a suspensão de programas que exigem a intervenção de enfermeiros, como diabetes, unidade móvel e consulta domiciliária ao recém-nascido, ou a dificuldade de constituição de equipas de cuidados continuados integrados, como as consultas de enfermagem em contexto domiciliário.

O recurso ao trabalho extraordinário é a forma como as unidades de saúde tentam minorar os efeitos da falta de enfermeiros, que assim trabalham mais 20 horas por mês para além do horário normal. Segundo o sindicato, “o atendimento complementar aos sábados, domingos e feriados é prosseguido integralmente, também, através da realização de trabalho extraordinário”.

Médicos em protesto: “Todas as formas de luta estão em aberto”

Também os médicos prometem reagir à forma como o governo pretende fazer a reposição do pagamento das horas extraordinárias, cujo valor foi cortado a metade pelo governo anterior. Segundo o Jornal de Notícias, realizou-se esta segunda-feira uma reunião de emergência com a presença da Ordem dos Médicos, da FNAM e do SIM.

Os médicos contestam que a reposição do pagamento das horas extraordinárias, que em abril passam a ser pagas a 75% só contemple os especialistas que fazem urgência externa e cuidados intensivos, afastando os médicos nos serviços de internamento, de prevenção ou em horário prolongado nos centros de saúde.

“O governo comete a imprudência de criar por decreto médicos de primeira e segunda categoria”, avisa o comunicado conjunto das três organizações, considerando que a medida “ofende gravemente o princípio da igualdade” e é inconstitucional.

O próximo passo da contestação é a realização de uma reunião na próxima sexta-feira, alargada a outras associações de médicos, para decidir formas de luta e “dar uma resposta eficaz às tentativas dissimuladas de ferir a dignidade dos médicos, corroer internamente o sistema e aumentar a fragilidade das pessoas doentes”.

“Todas as formas de luta estão em aberto. A greve é uma delas, mas a ser convocada será pelos sindicatos e em último recurso”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos ao Jornal de Notícias.

 

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