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Encontro sobre Agricultura Biológica

No encontro promovido pelo Bloco de Esquerda várias intervenções consideraram que urge mudar a falta de empenho das autoridades na promoção da agricultura biológica.

Com a presença de investigadores, técnicos e produtores de todo o país, estiveram no Encontro sobre Agricultura Biológica, promovido pelo Bloco e que decorreu no passado dia 8 de Maio na Escola Superior Agrária de Coimbra (veja folheto de convocação), mais de 70 participantes que conferiram uma significativa variedade de pontos de vista sobre a temática e grande vivacidade ao debate. Estiveram também delegações da CNA, e das organizações mais representativas do sector, a AgroBio e a InterBio.

Francisco Louçã abriu os trabalhos e considerou que a agricultura biológica pode ser uma verdadeira "pedrada no charco" pela capacidade de fixar gente jovem e qualificada a trabalhar na agricultura, com técnicas evoluídas e rendibilidade que remunere o investimento e o trabalho. Entre a agricultura intensiva, que só está ao alcance dos poucos que têm capacidade para grandes investimentos em capital, e a agricultura de subsistência, cada vez mais longe do futuro, a agricultura biológica surge como um caminho para melhorar a oferta de produtos agrícolas, aumentar o rendimento dos agricultores, combater a estagnação e o abandono, criar emprego, fixar jovens, preservar o território e o ambiente.

Portugal é o país da União Europeia com menor percentagem de Superfície Agrícola Utilizada (SAU) e de agricultores aderentes ao chamado Meio de Produção Biológica (MPB). Se forem descontadas pastagens e forragens declaradas em MPB (cerca de 45% do total), as restantes culturas ainda têm valores verdadeiramente irrisórios em comparação com os outros países europeus. O lado positivo é o interesse que a agricultura está a suscitar nas licenciaturas e mestrados, na investigação no meio académico e a capacidade técnica que começa a ficar disponível no país.

Várias intervenções consideraram que urge mudar a falta de empenho das autoridades na promoção da agricultura biológica. De facto, a produção em MPB tem uma grande capacidade de progressão e encerra em si a particularidade de poder vir a ser um instrumento importante para dar vida ao mundo rural e combater a desertificação. O ministro da Agricultura tem-se desdobrado, nos últimos tempos, em declarações de apoio à agricultura para a exportação, mas é estranho que nada tenha feito para apoiar a agricultura biológica, os pequenos produtores e a agricultura familiar, nem sequer se tenha lembrado do assunto. As atenções do Governo concentram-se na grande produção para exportação, muito localizada e da qual muito poucos usufruem, para além dos problemas ambientais que frequentemente colocam.

O líder parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza, encerrou os trabalhos, com uma referência ao lado social da agricultura biológica, à prática da cooperação entre produtores e às solidariedades em rede que se estão a construir. Trata-se de uma forma de fazer agricultura que também comporta uma nova cultura.

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