Uma centena e meia de pessoas juntaram-se nos dias 11 e 12 de fevereiro para realizar o 7º Encontro Nacional de Justiça Climática, em Lisboa. A iniciativa teve como objetivo partilhar várias experiências, estabelecer diálogos e construir estratégias comuns no combate às alterações climáticas.
Entre as conclusões do encontro, está uma agenda de mobilizações que inclui a Greve Climática Estudantil a 25 de março, a Caravana pela Justiça Climática que arranca a 2 de abril para percorrer 400 quilómetros a pé entre a Figueira da Foz e Lisboa, denunciando pelo caminho alguns dos atentados ambientais no nosso país, o Acampamento 1.5 no sudoeste aletejano entre 6 e 10 julho e a criação de uma rede de Trabalhadores pelo Clima para apoiar e divulgar as lutas por uma transição justa, apostando na ação e defesa de quem trabalha.
Durante a tarde de sexta-feira, no Mercado do Rato, foram exibidas algumas curtas-metragens e aconteceram várias conversas com artistas sobre o papel da arte na luta pela justiça climática.
No sábado, no Liceu Camões, o encontro funcionou com três sessões em simultâneo em três salas diferentes, com temas desde a mineração em Portugal à mobilidade sustentável, do género e água às mobilizações futuras. Numa das sessões, denominada “Descolonização e Justiça Climática”, Joseph Silva (SOS Racismo) falou sobre a problemática dos acordos comerciais entre a União Europeia e os países descolonizados, acordos estes que não se revelaram como uma verdadeira independência.
Na sessão sobre exploração animal, que contou com a intervenção da PATAV e da Zero, foram apresentadas alguns temas como a poluição derivada do transporte marítimo, a introdução de espécies não indígenas em água salgada e doce. A psicóloga Constança Carvalho apresentou dados sobre o impacto psicológico em trabalhadores de matadouros e navios de transporte de animais vivos e a bióloga Susana Varela fez uma apresentação acerca do comportamento e cognição animal.
Numa das últimas sessões, com o nome de “Casas e energia justas”, estiveram presentes os coletivos Habita, Stop Despejos e Coopérnico. Os temas debatidos, entre outros, foram a mercantilização da habitação, as más condições de habitabilidade e os despejos legais e ilegais.
Também no Liceu Camões, decorreu uma exposição de arte a cargo de sete artistas: Da.wildside, Mel Alves, Kathleen “Kat” Hamilton, “Tinctorium Studio”, Joana Campinas e Laura Andrade (“unthinkilustrations”).
Algumas das conclusões destacadas no encontro foram o alargamento das áreas protegidas para um maior escrutínio nestes territórios, a integração do transporte marítimo no Comércio Europeu de Licenças de Emissão. No tema da habitação é urgente organizar as pessoas para parar os despejos, tal como aumentar a oferta da habitação pública.
No grupo de trabalho sobre Energia, uma das conclusões da cooperativa de energias renováveis Coopérnico é a necessidade de tornar os equipamentos solares térmicos obrigatórios nas construções de novas casas.
Para finalizar, realizou-se um plenário com o mote “O nosso tempo é agora - Agenda pela Justiça Climática”, que sintetizou os debates em cada sessão.