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“Encerrar Almaraz”, gritou-se em Madrid

Teve lugar neste sábado, 10 de junho, em Madrid uma manifestação ibérica pelo encerramento da central nuclear de Almaraz. A manifestação foi convocada por associações ambientalistas de Portugal e de Espanha e teve o apoio de movimentos sociais e partidos políticos de esquerda dos dois países. O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) refere que estiveram presentes representantes de mais de 125 organizações dos dois países ibéricos.
Segundo a agência Lusa, os participantes no protesto gritaram palavras de ordem como “Não ao nuclear, fechar Almaraz”, “Fechar Almaraz, descanse em paz” ou “Nós só queremos fechar Almaraz”.
Em declarações à agência, o MIA defendeu que o governo espanhol encerre as centrais nucleares existentes em Espanha, à medida que forem caducando as atuais licenças de exploração, e defendeu também a passagem para um modelo energético “renovável, justo e sustentável”.
“Entre 2020 e 2024 expiram todas as licenças de exploração das centrais nucleares espanholas e o objetivo é reclamar que não sejam renovadas”, explicou Pablo Castejon, coordenador do MIA, acrescentando que “os industriais espanhóis querem renovar as atuais licenças sem que haja um debate público sobre o nuclear”.
“Central nuclear de Almaraz já devia ter encerrado”
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, participou na manifestação e declarou que “a central nuclear de Almaraz já está obsoleta, já devia ter encerrado”, sendo “absolutamente inaceitável a decisão de manter esta central”.
“É um perigo para todos. É um perigo em Espanha e é um perigo em Portugal, porque Almaraz fica na fronteira, no Tejo e portanto é um risco muito grande para o nosso país”, afirmou Catarina Martins.
“Na Assembleia da República houve um consenso, uma unanimidade de todos os partidos para que o governo português junto do governo espanhol exigisse o encerramento de Almaraz” lembrou a deputada, apontando que o encerramento “não está a acontecer”, mas “tanta gente em Portugal como em Espanha”, mobiliza-se contra o perigo nuclear e “estão na rua a dizer que não dão o caso por encerrado”.
“Almaraz deve encerrar. Acho que esta mobilização popular, que é muito grande, que é vasta, que vai muito para lá dos partidos, é importantíssima e aquilo que estamos a defender é o ambiente, é a saúde pública, é o futuro de todos nós de um lado e do outro da fronteira”, realçou Catarina Martins.
Questionada pelos jornalistas se o governo espanhol vai ouvir a reivindicação, a coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou:
“O governo espanhol tem tido crescentes dificuldades. Ainda não existe infelizmente uma maioria aqui em Espanha para acabar com a central nuclear de Almaraz e para ter uma outra visão sobre a energia nuclear. Mas como sabem, toda a esquerda, o Podemos, a Izquierda Unida e também o PSOE no parlamento já tomaram posição contra a continuidade de Almaraz. Também em Espanha alguma coisa começa a mudar. E começa a mudar pela mobilização popular, que existe nos dois lados da fronteira”, afirmou Catarina Martins.
“Julgo que o caminho é esse, não nos resignarmos ao perigo nuclear e continuarmos a lutar pela proteção de todos nós”, concluiu a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Notícia atualizada às 20.05 de sábado, 10 de junho
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