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“ETTs no CHO recebem do Estado lucros de um milhão por ano”

Numa sessão com a presença de precários do Centro Hospitalar do Oeste, Catarina Martins discursou sobre a urgência de o Estado contratar diretamente os cem mil precários que lá trabalham.
Catarina Martins intervém na sessão pública nas Caldas da Rainha.
Catarina Martins intervém na sessão pública nas Caldas da Rainha.

Catarina Martins interveio numa sessão pública nas Caldas da Rainha que contou com a presença dos trabalhadores precários que há décadas trabalham no Centro Hospitalar do Oeste (CHO) e que recentemente fizeram uma greve pela sua integração na função pública. O debate centrou-se na integração dos cerca de cem mil precários que se estima que lá trabalhem.

“Há cem mil pessoas a trabalharem para o Estado e isso é ilegítimo e muitas vezes é mesmo ilegal”, explica a coordenadora bloquista. Pedro Passos Coelho votou hoje contra a inclusão  dos trabalhadores precários no Estado, “mas não diz se o Estado precisa destes trabalhadores e destas trabalhadoras. Porque todos nós sabemos que sem estas cem mil pessoas o país parava”, contrapôs Catarina. “Se levamos a sério a dignidade de quem trabalha e se nos levamos a sério como democracia, vincular os precários que trabalham para o Estado é uma urgência e foi esse o acordo de princípio a que chegámos com o governo”, resumiu a dirigente bloquista.

“A precariedade do Estado, se tem retirado salários a tantos trabalhadores, tem servido para enriquecer empresas ilegítimas de subcontratação e trabalhadores precários”, acusou Catarina. Dando como exemplo, o Centro Hospitalar do Oeste, onde “o Estado gasta com as empresas de trabalho temporário que depois contratam o trabalhador mais um milhão de euros por ano do que o que é gasto nos salários destas pessoas. Porque é que o Estado gasta dinheiro para manter contratos precários? Não é admissível. A precariedade é um negócio para empresas sanguessuga do Estado que tem de acabar”.

“Se o Estado precisa destes trabalhadores, tem de lhes dar o contrato a que têm direito, não é negociável”

“Os trabalhadores precários, além de terem menos direitos, também têm menos salário. Não fizemos o acordo para parar o empobrecimento para alguns, fizemos o acordo para parar o empobrecimento do país, respeitando todas e todas” afirmou Catarina. No caso de dois trabalhadores com a mesma função, com a mesma experiência, mas em que um tenha um contrato estável e o outro seja precário, o trabalhador precário ganha em média menos três salários e meio do que o efetivo.

“Por isso pusemos no centro das negociações o combate à precariedade, um dos pontos acordados tem a ver com o sector privado e a outra componente é que o Estado não pode combater a precariedade no sector privado, quando é o primeiro contratador de precários”, prosseguiu Catarina Martins.

“Vai ser preciso muita luta para identificar todos os precários a trabalhar para o Estado, para acelerar os prazos desta vinculação, para garantir que ela é feita de uma forma justa. Se o Estado precisa destes trabalhadores e destas trabalhadoras, tem de lhes dar o contrato de trabalho a que eles têm direito, não é negociável”, sublinhou.

“Se a Concertação Social defender já os 600 euros, ótimo, mas não pode negociar abaixo dos 557 euros”

Relativamente ao valor do salário mínimo nacional a partir de janeiro de 2017, Catarina Martins explica que “se a Concertação Social disser que 557 euros é muito pouco e defender já os 600 euros, ótimo, mas não pode negociar abaixo dos 557 euros. Orgulhamo-nos muito de termos posto no acordo desde a primeira hora a subida do salário mínimo nacional”.

“Não é digno de um país que quem trabalhe não saia da pobreza e o Bloco defende que o salário mínimo tem de aumentar rapidamente e que pode ser aumentado”. “Quando o salário mínimo nacional foi aumentado em janeiro deste ano por causa do acordo que o Bloco fez com o Partido Socialista, disseram-nos que vinha aí um desastre. Os números da economia mostram não só que se criou algum emprego, como que a economia até cresceu; se calhar deveria ter subido mais”.

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