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Em cada dez vítimas de violência no namoro, uma correu risco de vida

O Observatório da Violência no Namoro recebeu 284 denúncias nos últimos três anos. Quase 92% dos agressores são homens e 90% das vítimas são mulheres. 14,4% das vítimas dizem ter sido alvo de ameaças de morte.
11,6% das vítimas de violência no namoro correram risco de vida
Fotografia de Ana Mendes.

O Observatório da Violência no Namoro (ObVN) divulgou a compilação dos dados das denúncias recebidas nestes três anos de existência. São um total de 284 denúncias, 266 destas feitas por mulheres jovens. Os homens são 91,9% dos agressores, com uma média de idades de 25 anos, 89,7% das vítimas são mulheres e em 11,6% das situações relatadas correram risco de vida.

As vítimas destas 284 denúncias de violência no namoro têm em média 23 anos, são portuguesas (92,3%), heterossexuais (89,1%) e a maioria estuda (59,5%).

Os dados, divulgados esta sexta-feira e compilados pela Lusa, indicam também que a maioria das situações de violência ocorrem dentro de casa (69.7%). Ainda assim, um elevado número de situações acontecem na rua (51,8%), estabelecimentos públicos como discotecas ou cafés (32%) e espaços de ensino (26,4%). Há também relatos de episódios de violência online, tendo sido relatados em 27,5% das denúncias.

As tipologias de violência mais relevantes, segundo as denúncias que chegaram ao ObVN, são a violência psicológica (84,5%), a emocional (82%), a verbal (80,3%), seguida do perda de controlo (63,7%).

48,6% das denúncias mencionaram situações de violência física. A violência social é referida em 35,6% dos casos, a perseguição em 32,7% e a violência sexual em 22,5%. 14,4% das vítimas dizem ter sido alvo de ameaças de morte. Nos casos em que ocorreu violência física, 20,4% das vítimas necessitaram de receber tratamento médico e 2,8% foram hospitalizadas em consequência da agressão.

Quanto às principais causas apontadas para a existência de violência, os denunciantes destacaram o ciúme, em 70,8% das situações, problemas mentais do agressor (37%), o consumo de álcool ou de outras substâncias (22,5%) e problemas familiares (19,5%).

Também a conduta da vítima foi referida em 18% das queixas, seguida da influência dos amigos (14,1%) e as dificuldades económicas da pessoa agressora (9,9%).

Os dados do observatório gerido pela Associação Plano i indicam ainda que em 46,8% dos casos as vítimas ainda se encontram num relacionamento com os agressores e que 77,5% das situações não foram denunciadas às autoridades.

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