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Egito: protestos contra o governo
Pela primeira vez desde o golpe de Estado militar de julho de 2013, centenas de jovens egípcios foram às ruas para exigir a demissão do presidente Abdel Fatah al-Sisi. Os protestos ocorreram na noite de sexta-feira em pelo menos 12 cidades, incluindo a capital, Cairo, Alexandria e Suez. No sábado uma nova manifestação em Suez enfrentou novamente a polícia que usou balas de borracha e gás lacrimogéneo. No Cairo, a polícia cercou com grande aparato a praça Tahrir, palco habitual das manifestações durante a Primavera árabe, impedindo a repetição do protesto da noite de sexta.
Segundo a agência de notícias France Presse (AFP), foram presos, desde sexta-feira, 74 manifestantes. A Human Rights Watch pediu ao governo egípcio o respeito pelo direito de protestar pacificamente. Al-Sisi não está no Egito, e sim em Nova York, onde foi participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Empresário convocou protestos
اسقاط وتقطيع صورة #السيسي في دمياط#ميدان_التحرير#ارحل_ياسيسي pic.twitter.com/MxBW76TyEY
— أسرار محمد علي - Mohamed Ali Secrets (@MohamedSecrets) September 20, 2019
O apelo à realização de manifestações contra o governo foi feito por um empresário egípcio do ramo da construção, Mohamed Ali, residente em Espanha, que desde setembro vem postando nas redes sociais vídeos em que acusa al-Sisi e os militares de corrupção e de terem gasto milhões de dólares do governo em obras de ostentação, como palácios presidenciais faraónicos. “Vamos mudar o sistema e instalar outro mais apropriado”, proclamou Mohamed Ali. Os vídeos tornaram-se virais com rapidez, de tal forma que al-Sisi se viu obrigado a desmentir as acusações.
Na manhã de sexta-feira, num novo vídeo, o empresário fez um apelo aos egípcios para que saíssem às ruas pedindo a demissão do governo, logo a seguir a um jogo entre duas equipas de futebol muito populares, Al Ahly e Zamalek.
O apelo foi seguido, surpreendendo muitos observadores. Foi a primeira manifestação antigovernamental desde que al-Sisi assumiu o governo.
Suspeitas de manipulação
O diário norte-americano The New York Times especula sobre o papel do empresário, se a iniciativa das manifestações é dele ou se não está a ser manipulado por outros. Que outros? Fontes ouvidas pelo jornal apontam para membros do próprio governo interessados em minar al-Sisi e até em conseguir a sua renúncia. Outros suspeitam que a Irmandade Muçulmana esteja por trás de Mohamed Ali.
"Why does Sisi starve us while he lives in luxurious palaces?"
Anger in Egypt continues as protesters take to the streets demanding the resignation of President Abdel Fattah el-Sisi. At least 74 have been arrested. pic.twitter.com/grKpIEKY6X
— Al Jazeera English (@AJEnglish) September 22, 2019
Mas não há dúvida de que os egípcios têm muitos motivos de descontentamento. A política de austeridade imposta por al-Sisi, de acordo com as próprias estatísticas oficiais, empurrou mais 5% do país para a pobreza, situação na qual vivem agora 60% dos egípcios. As medidas foram a contrapartida para um empréstimo do FMI em 2016.
Além disso, o país vive em estado de emergência desde 2013 sendo, por isso, proibidas todas as manifestações.
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