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Egito: protestos contra o governo

Manifestantes pediram, em oito cidades, a demissão do presidente al-Sisi, acusando-o de corrupção. Foram os primeiros protestos no país desde 2013. Polícia prendeu pelo menos 74 manifestantes.
Manifestantes pediram a demissão de al-Sisi. Imagem de um vídeo da BBC
Manifestantes pediram a demissão de al-Sisi. Imagem de um vídeo da BBC

Pela primeira vez desde o golpe de Estado militar de julho de 2013, centenas de jovens egípcios foram às ruas para exigir a demissão do presidente Abdel Fatah al-Sisi. Os protestos ocorreram na noite de sexta-feira em pelo menos 12 cidades, incluindo a capital, Cairo, Alexandria e Suez. No sábado uma nova manifestação em Suez enfrentou novamente a polícia que usou balas de borracha e gás lacrimogéneo. No Cairo, a polícia cercou com grande aparato a praça Tahrir, palco habitual das manifestações durante a Primavera árabe, impedindo a repetição do protesto da noite de sexta.

Segundo a agência de notícias France Presse (AFP), foram presos, desde sexta-feira, 74 manifestantes. A Human Rights Watch pediu ao governo egípcio o respeito pelo direito de protestar pacificamente. Al-Sisi não está no Egito, e sim em Nova York, onde foi participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Empresário convocou protestos

O apelo à realização de manifestações contra o governo foi feito por um empresário egípcio do ramo da construção, Mohamed Ali, residente em Espanha, que desde setembro vem postando nas redes sociais vídeos em que acusa al-Sisi e os militares de corrupção e de terem gasto milhões de dólares do governo em obras de ostentação, como palácios presidenciais faraónicos. “Vamos mudar o sistema e instalar outro mais apropriado”, proclamou Mohamed Ali. Os vídeos tornaram-se virais com rapidez, de tal forma que al-Sisi se viu obrigado a desmentir as acusações.

Na manhã de sexta-feira, num novo vídeo, o empresário fez um apelo aos egípcios para que saíssem às ruas pedindo a demissão do governo, logo a seguir a um jogo entre duas equipas de futebol muito populares, Al Ahly e Zamalek.

O apelo foi seguido, surpreendendo muitos observadores. Foi a primeira manifestação antigovernamental desde que al-Sisi assumiu o governo.

Suspeitas de manipulação

O diário norte-americano The New York Times especula sobre o papel do empresário, se a iniciativa das manifestações é dele ou se não está a ser manipulado por outros. Que outros? Fontes ouvidas pelo jornal apontam para membros do próprio governo interessados em minar al-Sisi e até em conseguir a sua renúncia. Outros suspeitam que a Irmandade Muçulmana esteja por trás de Mohamed Ali.

Mas não há dúvida de que os egípcios têm muitos motivos de descontentamento. A política de austeridade imposta por al-Sisi, de acordo com as próprias estatísticas oficiais, empurrou mais 5% do país para a pobreza, situação na qual vivem agora 60% dos egípcios. As medidas foram a contrapartida para um empréstimo do FMI em 2016.

Além disso, o país vive em estado de emergência desde 2013 sendo, por isso, proibidas todas as manifestações.

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