You are here

Guiné Equatorial: Regime mantém artista preso por delito de opinião há mais de 4 meses

Ramón Esono Ebalé, artista e crítico do regime da Guiné Equatorial, foi detido em setembro, em Malabo, à saída de um restaurante, devido à sua obra, que visa frequentemente o ditador Teodoro Obiang. 
Ramón Esono Ebalé, artista preso na Guiné Equatorial
Ramón Esono Ebalé, artista preso na Guiné Equatorial

Após a detenção, Ebalé foi levado para a esquadra de Malabo, conhecida por “Guantanamo”, e posteriormente foi encarcerado na prisão de Playa Negra, onde se encontra há cerca de quatro meses e meio. Obiang ter-se-á sentido ofendido com a publicação da obra "O pesadelo de Obi", que retrata uma personagem inspirada em si próprio, e que acorda numa realidade em que é um cidadão normal que sofre as consequências de viver sob o regime político que ele mesmo criou.

A obra foi financiada pela organização não-governamental EGJustice e o livro é descrito como “uma sátira que imagina o que seria para o próprio Obiang, acostumado ao controlo absoluto da economia do seu país, acordar como um marido estúpido e desempregado numa das favelas sombrias de Malabo. Sem poder ser legalmente distribuído na Guiné Equatorial, foi feita uma publicação online.

A prisão em que Ebalé se encontra será uma das mais perigosas e duras do mundo. A Amnistia Internacional descreveu a entrada nesta prisão como “uma sentença de morte lenta e prolongada”, devido a episódios de tortura, violações, espancamentos e mortes. Há ainda relatos de prisioneiros que ficam seis dias sem comer. A alimentação está ao encargo dos familiares.



A lei na Guiné Equatorial prevê que sejam apresentadas acusações nas 72 horas que se seguem às detenções, mas Ebalé ainda não foi acusado nem há informações de que um juiz tenha ordenado o prolongamento da prisão preventiva.

Da sua cela, Ebalé escreveu uma nota em que agradece a todos os que o têm apoiado e diz que ainda espera apresentar a exposição #218Empire em Viena, como previsto.

Ebalé é um ativista dos direitos humanos e um cartoonista muito crítico, já fez exposições em países como a Argélia, Espanha, Moçambique ou a Etiópia. Já recebeu prémios como o Regard 9 do Angoulême International Comics Festival e também foi premiado pela revista Africa and Mediterraneanat.

Em novembro de 2017, o Cartoonists Right Network deu-lhe o seu prémio anual Courage in Editorial Cartooning de forma a chamar a atenção para o seu aprisionamento.

Residente no Paraguai desde 2011, estava, aquando da detenção, de visita à Guiné Equatorial, onde viveu grande parte da sua vida e onde foi professor de desenho no centro cultural francês e trabalhou para o centro cultural espanhol. Para além disso, já foi ilustrador para a UNICEF e co-fundou a primeira revista africana de banda desenhada.

Termos relacionados Internacional
(...)