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“É perigoso um Orçamento que diz que o SNS vai ter este ano menos dinheiro do que teve no ano passado”

Catarina Martins afirmou que este é um exemplo do que é um Orçamento do Estado que “não cumpre as intenções que são anunciadas” e defendeu que, “mais do que intenções, o SNS precisa de um orçamento e de uma organização que responda pelas pessoas”.
Foto de Nuno Veiga, Lusa.

A coordenadora do Bloco de Esquerda visitou esta quarta-feira o Hospital de Beja, nomeadamente a Unidade de Saúde Mental, a propósito do Orçamento de Estado para 2022, e, concretamente, das verbas destinadas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Recentemente, foi noticiada a falta de verbas para este hospital no que respeita à possibilidade de contratação de especialistas de saúde mental, nomeadamente psiquiatras e pedopsiquiatras, facto que mereceu críticas por parte do próprio coordenador nacional de políticas de saúde mental.

De acordo com Catarina, estamos perante um “exemplo do que é um Orçamento do Estado que não cumpre as intenções que são anunciadas”.

A dirigente bloquista lembrou que “o Hospital de Beja tem um processo de ampliação que se prolonga há muitos anos e que não acontece” e que, neste Orçamento do Estado, nem sequer está previsto o projeto dessa segunda fase de ampliação. “O Hospital de Beja simplesmente desapareceu do Orçamento do Estado”, frisou.

Catarina assinalou ainda que, a par do problema das instalações e das “promessas que não acontecem”, existe um problema muito visível de fixação de profissionais. A este respeito, a coordenadora do Bloco recordou que o executivo socialista prometeu um aumento de vagas carenciadas, mas que ele ficou “muito aquém do que é necessário”.

“Neste hospital, apenas cerca de metade das necessidades identificadas foram consideradas vagas carenciadas e, ainda por cima, com uma limitação do hospital, da sua autonomia para contratar conforme as áreas em que mais precisa”, adiantou Catarina.

Ainda assim, ressalvou, “o SNS continua a ser quem faz as melhores ofertas de saúde do país” e, “mesmo num hospital em que faltam as equipas na verdade, o SNS foi capaz de construir uma reposta de saúde mental inovadora e extraordinariamente importante numa das zonas do país em que, como sabem, há mais problemas de saúde mental”.

E é exatamente por isso que é preciso “proteger” este serviço. Para Catarina, não é aceitável que, num momento em que a procura em pedopsiquiatria triplicou, Beja continue a ter só uma pedopsiquiatra.

O SNS “não está a ter os recursos de que precisa e não tem sequer as contratações de que precisa”, alertou.

E “não vale dizer que o Orçamento do Estado será resolvido pelo PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e os seus investimentos, porque os mesmos são em equipamento, e o equipamento não funciona sem gente, o SNS não funciona sem gente”, vincou.

A dirigente bloquista afirmou que “é perigoso um Orçamento do Estado que diz que o SNS vai viver este ano com menos dinheiro do que viveu no ano passado, porque o aumento de verba que é previsto é inferior à inflação”.

Sobre a existência de uma “enorme pressão com a questão pandémica” e o facto de a “ausência de investimento na saúde pública, cuidados primários, e no SNS 24” estar a provocar uma corrida às urgências, Catarina apontou que “este não é o momento de poupar com a saúde, pelo contrário, é o momento do investimento no SNS”, porque “só o investimento no SNS é capaz de responder pelo direito à saúde de toda a população”.

“Mais do que intenções, o SNS precisa de um orçamento e uma organização que responda pelas pessoas”, continuou.

Em sede de discussão do Orçamento do Estado, o Bloco apresentou uma proposta que visava, entre outras matérias, a concretização da ampliação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja.

Os bloquistas entregaram ainda na Assembleia da República um projeto para devolver o hospital de Serpa à gestão pública e melhorar o seu funcionamento, prevendo a inscrição das verbas necessárias para o efeito no Orçamento do Estado.

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