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"É no acesso à saúde que se constrói a democracia"

Num almoço na Madeira com cerca de 500 pessoas, Catarina Martins relembrou o que foi possível conquistar nos últimos quatro anos e o que falta fazer após as próximas eleições. Recuperar a saúde pública através do reforço do SNS será uma prioridade do Bloco, anunciou.
Catarina Martins em comício em Câmara de Lobos, Madeira, 14 de setembro de 2019. Foto: Gregório Cunha/Lusa.
Foto: Gregório Cunha/Lusa.

Num almoço de campanha com cerca de 500 pessoas em Câmara de Lobos, na Madeira, Catarina Martins identificou a saúde e o SNS como temas onde as eleições vão decidir escolhas fundamentais que se farão nos próximos anos, assim como o trabalho e o investimento.

O Bloco, afirmou Catarina aos simpatizantes madeirenses, é a "força para combater a corrupção e o privilégio, em que uns poucos ficam com o que é de todos". "Aqui na Madeira", referiu, lembrando a mensagem já deixada pelo cabeça de lista do Bloco à Assembleia Regional, Paulino Ascensão, "sabe-se muito bem como uma elite tem ficado com os recursos que faltam a quem aqui trabalha, e merece muito melhor".

Na sua intervenção, a coordenadora bloquista relembrou de novo as conquistas dos últimos quatro anos: descongelou-se as pensões e aumentou-se as pensões mais baixas, em vez "dos cortes nas pensões prometidos por PSD e CDS, ou o congelamento anunciado pelo PS", acabou-se com cortes "inconstitucionais nos salários", subiu-se o salário mínimo nacional 20% em quatro anos, baixou-se o IRS sobre quem trabalha. "Defendemos este país a cada dia com a força que nos deram", concluiu em jeito de balanço.

Olhando para a situação do país hoje, Catarina considerou que faltam agora "contas certas para o investimento que é preciso" em infraestruturas em serviços públicos, e "direitos do trabalho fortes, que defendam os salário e as pensões de quem trabalhou toda uma vida".

"É no acesso à saúde que se constrói a democracia"

A saúde foi outro assunto central da intervenção da coordenadora do Bloco. "Amanhã assinalam-se 40 anos do decreto-lei que criou o SNS e garantiu o direito à saúde em todo o país", lembrou. Há 40 anos, Portugal era um país onde "quem adoecia perdia tudo", onde "um trabalhador quando ficava doente não tinha onde recorrer, porque não tinha como pagar a medicina privada", "as mulheres morriam a dar à luz" e a taxa de mortalidade infantil era das mais altas da Europa. Hoje, passados 40 anos de SNS, "com todas as dificuldades, sabemos que as pessoas têm direito a ter cuidado de saúde". Portugal passou a ser um dos países onde "felizmente, se dá à luz, se nasce e se cresce com melhores condições no mundo".

No entanto, com a população hoje mais envelhecida e sujeita a doenças crónicas, o SNS "não pode enfraquecer, tem pelo contrário de ficar mais forte para responder aos novos desafios", afirmou Catarina Martins.

A última legislatura acabou com a aprovação de uma nova Lei de Bases da Saúde que abre caminho para salvar o SNS, ao "mandar para o caixote do lixo a lei que foi feita por PSD e CDS para proteger o negócio privado à conta da saúde de todos", frisou a coordenadora do Bloco. Mas na próxima legislatura o primeiro combate será "dar meios ao SNS em todo o país, para que toda a gente tenha a melhor prestação de cuidados de saúde que este país pode fornecer". Um exemplo é o novo hospital do Funchal, alvo de lutas há bastante tempo, que Catarina considerou "uma questão de dignidade e de acesso à saúde".

A direita esteve sempre contra a ideia de um SNS público para todos em todo o país, lembrou Catarina Martins: "Votaram contra. E mal puderam, fizeram uma lei para dizer que a obrigação do Estado era dar dinheiro e profissionais aos grupos privados, em vez de financiar o que é de todos". Foi a esquerda que "nunca faltou a assegurar o acesso de todos à saúde, que votou a favor da criação do SNS há 40 anos, e que aqui votou pelo serviço regional de saúde". E, prosseguiu, "foi preciso a esquerda, depois destes anos todos, ter força suficiente para revogar a lei da direita, que fazia da saúde um negócio, para se voltar a por no centro das preocupações do Estado o direito de toda a população à saúde".

A escolha que as próximas eleições colocam, na Madeira e no país, é clara para Catarina Martins: "O que deve fazer o país? Deve continuar a financiar o grupo Mello, os chineses da Fosun, as empresas americanas, ou acabar com a promiscuidade para reforçar o SNS e os serviços públicos em todo o país?". E reforçou: "devemos continuar a negar o acesso à saúde a quem não tem dinheiro para pagar a taxa moderadora ou o transporte de doentes, ou pelo contrário garantir a gratuitidade e a universalidade de acesso aos cuidados?".

O Bloco, esclareceu, "está do lado de um serviço de saúde público, forte, universal, gratuito, que garanta os melhores cuidados a toda a gente, viva onde viver, seja qual a for a sua condição económica e social". Porque, enfatizou, "é no acesso à saúde que se constrói a democracia".

Para além da saúde, o Bloco propõe "defender os serviços públicos que combatem a desigualdade, na educação, na justiça, nos transportes". afirmou Catarina Martins. Propõe também defender quem trabalha: responder aos trabalhadores por turnos, aos que fazem trabalho noturno, "combater a vergonha da precariedade" para "termos salários dignos e pensões dignas", acrescentou, retomando as questões referidas de véspera nos Açores.

O Bloco "não faltará a nenhuma solução que melhore a condição concreta de vida desta gente, mas também nunca pactuaremos com quem assalta o que é de todos", advertiu Catarina. Nas próximas eleições regionais de 22 de setembro, "madeirenses e porto-santenses sabem qual é o partido que vai estar lado-a-lado a defender quem trabalha e quem vive do seu trabalho, quem está mais frágil, a lutar contra a corrupção, a lutar por um país mais justo". Dia 22 de setembro na Madeira, e dia 6 de outubro em todo o país, concluiu, "o voto que faz acontecer um país mais justo e digno é o voto no Bloco de Esquerda".

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