É na Europa que a covid-19 está a alastrar, alerta OMS

04 de November 2021 - 18:03

Reino Unido, Rússia, Roménia e Turquia são os países com taxas de infeção mais elevadas. Na Alemanha, ministro da Saúde fala em “pandemia massiva” entre os não-vacinados.

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Equipa médica
Foto de Devin Nothstine/U.S. Air Force/Flickr

O relatório semanal da Organização Mundial de Saúde alertou que os casos de covid-19 não param de aumentar na Europa pela quinta semana consecutiva. É agora a única região do mundo que ainda assiste ao aumento do número de casos.

"A Europa está mais uma vez no epicentro da pandemia, onde estávamos há um ano. A diferença, hoje, é que sabemos mais e podemos fazer mais", disse o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa, Hans Kluge, numa conferência de imprensa.

“A atual taxa de transmissão nos 53 países da região europeia é muito preocupante (...) se continuarmos nessa trajetória, poderemos ver mais meio milhão de mortes por covid-19 na região até fevereiro”, afirmou Kluge, citado pela agência Lusa.

A OMS apelou ainda para que a população não deixe de usar máscaras. "As projeções mostram que, se atingirmos uma taxa de uso de máscaras de 95% na Europa e na Ásia Central, poderemos salvar até 188.000 vidas do meio milhão de vidas que corremos o risco de perder até fevereiro de 2022", observou Kluge.

Com a Rússia, a Turquia, a Roménia e o Reino Unido a liderarem as taxas de novas infeções, o Subdiretor-geral britânico da Saúde, Jonathan Van-Tam, disse à Euronews que "demasiadas pessoas acreditam que a pandemia já terminou" e que este inverno promete trazer "meses difíceis" no que diz respeito a novas infeções.

Na Roménia, a resposta dos serviços de saúde entrou em colapso, com os parques de estacionamento dos hospitais transformados em salas de abastecimento de oxigénio enquanto os doentes esperam por vagas nos cuidados intensivos. "Passámos a noite no nosso carro e já não temos gasolina. Em casa, tratei dela durante seis dias, mas ela foi teimosa. Agora arrepende-se de não ter sido vacinada”, disse à Euronews uma mulher que acompanhava a mãe infetada.

A baixa taxa de vacinação é também motivo de preocupação na Rússia, que continua a bater recordes de óbitos diários por covid-19, contabilizando 1.189 esta quarta-feira. O Governo anunciou que vai reabrir um hospital temporário em Moscovo, com capacidade para 600 camas.

Também a Letónia, com apenas dois milhões de habitantes e uma taxa de vacinação que é das mais baixas da União Europeia, tem assistido a mais de mil infeções por dia, o que levou o Governo a decretar esta quarta-feira o estado de emergência durante três meses. Segundo a agência France Presse, o uso de máscara volta a ser obrigatório nos locais públicos, todos os funcionários públicos terão de se vacinar até 15 de novembro e a população não vacinada só poderá comprar alimentos e bens essenciais em locais designados.

Recorde de infeções na Alemanha

Na Alemanha, o número diário de novas infeções atingiu esta semana o valor máximo desde o início da pandemia, com 33.949 contágios, batendo o recorde alcançado em 18 de dezembro de 2020.

O ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou esta quarta-feira que “estamos atualmente a sofrer uma pandemia de não vacinados, que é massiva. Haveria menos doentes com covid-19 nas unidades de cuidados intensivos, se mais pessoas se deixassem vacinar". O país regista neste momento cerca de dois terços da população vacinada com as duas doses e bastante resistência do terço restante em tomar a vacina.

Com as camas nos cuidados intensivos a esgotarem-se nalgumas regiões alemãs, o porta-voz da chanceler Angela Merkel advertiu que “se a situação dos hospitais piorar devido à pandemia... mais restrições para aqueles que não estão vacinados são muito possíveis". No entanto, a definição dessas medidas cabe à autonomia cada região alemã.

Para o presidente do Instituto Robert Koch, a agência de controlo de doenças alemã, “a quarta vaga está a desenvolver-se exatamente da forma que temíamos”. A razão, aponta Lothar Wieler, é “porque não há pessoas suficientes que tenham recebido a vacina”.