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Dúvidas existenciais. Peço a vossa ajuda

Tenho (...) dificuldade em encontrar uma explicação lógica para alguns alinhamentos de protagonistas nacionais com as políticas e os políticos de alguns países. (...) uma das dificuldades mais complexas tem a ver com alguma esquerda que fica toda eriçada quando Vladimir Putin é visado num qualquer argumento político. Publicado por José Manuel Rosendo em meu Mundo minha Aldeia
Outro aspecto que me provoca dificuldade na análise que tento fazer é a equipa de comentadores e políticos sempre alinhados com as directivas (perdão, queria dizer políticas) com origem em Washington. Estes, em regra, também alinham com tudo o que vem de Bruxelas
Outro aspecto que me provoca dificuldade na análise que tento fazer é a equipa de comentadores e políticos sempre alinhados com as directivas (perdão, queria dizer políticas) com origem em Washington. Estes, em regra, também alinham com tudo o que vem de Bruxelas

Tenho uma verdadeira e sincera dificuldade em encontrar uma explicação lógica para alguns alinhamentos de protagonistas nacionais com as políticas e os políticos de alguns países. Indo directo ao assunto, uma das dificuldades mais complexas tem a ver com alguma esquerda que fica toda eriçada quando Vladimir Putin é visado num qualquer argumento político. Não falo de Dilma, nem de Nicolas Maduro, não, é mesmo de Putin. A minha dificuldade reside num aspecto muito simples, até muito básico, reconheço: não é momento para dissertar sobre o actual regime russo, mas acho que ninguém tem dúvidas de que a Rússia já nada tem a ver com o comunismo ou com o socialismo; então, porquê essa defesa assanhada das políticas do Kremelin e do Presidente da Rússia? Que íman existe em Moscovo que provoca ainda esta atracção de alguma esquerda? Peço a vossa ajuda.

Outro aspecto que me provoca dificuldade na análise que tento fazer é a equipa de comentadores e políticos sempre alinhados com as directivas (perdão, queria dizer políticas) com origem em Washington. Estes, em regra, também alinham com tudo o que vem de Bruxelas. Tudo o que tenha passado por um discurso de um Presidente norte-americano ou da Comissão Europeia transporta um selo de garantia que estes comentadores e políticos nacionais recusam beliscar ou tocar, nem que seja com uma flor. Há até um que diz preferir a “chantagem” da Europa à do PCP e BE. Assim mesmo. Outros, apesar dos constantes avisos de gente muito avisada, e até de alguns europeístas convictos (devem ser uns radicais, e “radical” é expressão que apenas se aplica à esquerda…) defendem com unhas e dentes o TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento). Mudam os governos, mudam as direcções partidárias e as direcções dos Órgãos de Comunicação, mas há um núcleo duro sempre fiel ao Tio Sam que não se cansa de nos tentar catequizar. Será amor? Lógico não é certamente… Peço a vossa ajuda.

Até admito que estes dois grupos acima referidos possam ter razão. Nós é que pensamos que a guerra-fria já terminou e parece que estamos enganados. Basta olharmos para o que se passa na Síria e rapidamente concluiremos que Estados Unidos e Rússia, apesar de telefonemas quase diários entre Washington e Moscovo, dizem ter um inimigo comum mas têm amigos diferentes. Difícil, não?

Grandes potências à parte faltam as potências que prometem. E muito. À China todos vão. É fantástico. É difícil descodificar o mistério. Pequim (apesar da poluição) tem uma aura que deslumbra os nossos dirigentes partidários. Quando chegam ao governo essa aura ganha um brilho redobrado. Não sei se vão a uma capital comunista ou ao centro de um novo capitalismo. Não sei se vão apenas para ver a Grande Muralha. Quem lá vai, quando volta também não ajuda a desfazer a dúvida. E quanto à política externa da China, canja e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém: silêncio absoluto ou então críticas muito suaves. Mao Tsé Tung ri-se, já se vê. Até um tal Catroga aceitou servir o capital do Império do Meio. Sempre ao meio, sempre ao centro, não o centro político mas aquele meio/centro que permite cair para onde é mais conveniente, Catroga, um exemplo a ter em conta. O que é que os chineses pensarão de algo assim? Será que a estratégia de Mao ainda tem seguidores. Estaremos perante uma réplica da aliança (de Mao) com Chiang Kai-shek para depois alcançarem o poder? Acham que devo ficar preocupado ou não é motivo para isso e os nossos políticos que vão a Pequim sabem muito bem o que andam a fazer? Peço a vossa ajuda.

E porque já falámos de relações sólidas, falemos das mais flexíveis, eventualmente mais incertas, falemos dos flirts. O dicionário Priberam dá duas definições para flirt: 1 – Namorico, relação amorosa curta ou de pouca importância; 2 – Aproximação entre pessoas ou entidades, geralmente com uma intenção política. Para o caso, prefiro a segunda. E neste caso (outro que não consigo descodificar) incluo a notada presença de um dirigente do CDS no recente Congresso do MPLA. Investimento para um tempo em que o CDS regresse ao poder? Coisa estranha que até provocou algum alvoroço no próprio CDS. Que o PCP se faça representar, ainda vá, mas também neste caso, por onde anda o socialismo do MPLA (tal como o de Putin)? No caso do CDS, aponto para um flirt, mas no caso do PCP só pode ser um alinhamento rígido porque o PCP não é de flirts. Pelo menos a nível internacional porque quanto a questões internas as coisas parece que estão a mudar. O PS e o PSD também lá estiveram no número de equilibrismo habitual. O PS é governo e o PSD pensa que ainda é. Também neste caso, peço a vossa ajuda porque, parece-me, há um problema de liberdade e democracia em Angola. Ou isso já não conta para nada?

Pinhal Novo, 3 de Setembro de 2016

Publicado por José Manuel Rosendo em meu Mundo minha Aldeia

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