You are here

Dois milhões de crianças sem educação por ataques a escolas na África Central e Ocidental

Um relatório da UNICEF publicado na passada sexta-feira estima que cerca de dois milhões de crianças na África Central e Ocidental não têm acesso à educação devido à violência dirigida contra as suas escolas.
Sala de aula em África.
Sala de aula em África. Foto de mattlucht. Flickr.

As escolas são alvos. No Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo, Mali, Niger e Nigéria, há zonas em que o direito à educação das crianças tem sido posto em causa diretamente devido a ataques contra estudantes, professores e escolas.

Num relatório que a UNICEF tornou conhecido a semana passada lê-se que “a oposição ao que é visto como uma educação de estilo ocidental, especialmente no que diz respeito às raparigas, é central em muitas das disputas que assolam a região.” Por isso, estes ataques estão a aumentar.

Segundo este texto, os Camarões vivem uma situação dramática com 4437 escolas fechadas no noroeste e sudoeste do país desde junho. São 609 crianças que não podem ir à escola. Entre abril de 2017 e junho de 2019, no Burkina Faso, Mali e Niger, fecharam mais de três mil escolas devido a episódios de violência, multiplicando os números anteriores por seis. No Niger, o aumento nesse período foi de 21%.

Sobre isto, a diretora executiva adjunta da organização, Charlotte Petri Gornitzka, declarou à agência noticiosa ISP que “ataques deliberados e ameaças crescentes contra a educação – a própria fundação da paz e prosperidade lançaram uma nuvem sombria sobre as crianças, famílias e comunidades de toda a região”.

Os números dos ataques a escolas e as suas consequências fazem parte de um quadro maior como sublinha Marie-Pierre Poirier, diretora regional da UNICEF para estas regiões: “com mais de 40 milhões de crianças entre os seis e os 14 anos não tendo assegurado o seu direito à educação na África Central e Ocidental, é crucial que os governos e seus parceiros trabalhem para diversificar as opções disponíveis para uma educação de qualidade”, sublinhou à mesma agência noticiosa.

Poirier considera que modelos culturalmente adequados junto com abordagens inovadoras, inclusivas e flexíveis, que atinjam padrões de qualidade das aprendizagens, podem ajudar a chegar a muitas crianças, especialmente em situação de conflito.”

O relatório acrescenta outra razão de preocupação: “as crianças que não vão à escola enfrentam um presente cheio de perigos. Comparados com seus pares escolarizados, estão num risco muito maior de recrutamento pela parte de grupos armados. As raparigas enfrentam um risco elevado de violência de género e são mais frequentemente forçadas a casamentos na infância, com as subsequentes gravidezes e nascimentos que ameaçam as suas vidas e saúde.”

Termos relacionados Internacional
(...)