You are here
Ditador da Gâmbia exila-se em país da CPLP. Bloco e Amnistia criticam

Alguns diplomatas consideram que “a saída de Yahya Jammeh do poder foi “constrangedora” e um “embaraço internacional”, mas sublinham que “pior teria sido a permanência deste no país”, avança o jornal “Público” na sua edição desta quinta-feira.
O deputado João Pinto, que é vice-presidente da delegação angolana na CPLP, e que se encontra em Lisboa para participar num seminário na Assembleia da República manifestou ao jornal que “a democracia deve ser feita tendo em conta normas constitucionais”.
Após ter manifestado o seu “constrangimento” pelo sucedido, o parlamentar angolano adiantou que “a Guiné Equatorial é um país soberano” e que ao receber o antigo ditador da Gâmbia está a atender ao “príncipio da proteção”, uma vez que “receber alguém não é ser cúmplice, é um ato de humanidade”.
Refira-se que, Adama Barrow, o novo chefe de Estado daquele país africano acusou Jammeh de ter esvaziado os cofres públicos uma vez que desapareceram cerca de 11 milhões de dólares – mais de dez milhões de euros – depois do ditador ter abandonado o país o que aconteceu no passado dia 21.
Comentando a situação, o embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa , Hélder Vaz, confessou não ser um ‘yahyaista’ tendo sublinhado que “o exílio podia ser na Guiné Equatorial, em Portugal ou na Suíça”.
Bloco de Esquerda e Amnistia condenam
De acordo com o jornal, em privado esta situação tem criado alguns “embaraços” que se prendem com a fragilidade da CPLP.
neste caso, há um embaraço internacional, não só da CPLP, que adensa a nossa perspetiva de que a entrada da Guiné Equatorial foi um erro
Um diplomata chegou mesmo afirmar que aquilo que aconteceu com Yahya Jammeh é “normal para os padrões africanos” e comparou o Presidente da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang, a Jammeh neste termos: ”são dois políticos corruptos e um ajuda o outro”.
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda e membro da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros disse por seu turno ao jornal que “antes de mais, a Guiné Equatorial cria um embaraço à CPLP por não cumprir os estatutos da CPLP e por não ter um Estado de Direito”, tendo acrescentado que “neste caso, há um embaraço internacional, não só da CPLP, que adensa a nossa perspetiva de que a entrada da Guiné Equatorial foi um erro.”
O diretor executivo da Amnistia Internacional (AI), Pedro Neto, interrogou-se sobre as razões da saída de Jammeh do país tendo afirmado que “se não fez nada, fica na Gâmbia”.
O responsável da AI lembrou ainda que se Yahya Jammeh “vai para um país que não reconhece o Tribunal Penal Internacional, fica impune”.
Já Paulo Neves, deputado do PSD e membro da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros disse ao Público que “um Estado receber líderes pouco recomendáveis não significa que seja conivente”.
Para o parlamentar social-democrata “mais grave do que receber Jammeh, é o líder da Guiné Equatorial ganhar eleições com 97% dos votos”.
Refira-se que a Guiné Equatorial entrou para a CPLP há dois anos quando Pedro Passos Coelho era Primeiro-Ministro depois de alegadamente ter cedido a "pressões" de países que mantêm relações de proximidade com Teodoro Obiang como Angola,Timor Leste e Brasil.
Add new comment