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Dirigentes da banca internacional têm ligações a empresas poluidoras

Em 39 dos mais importantes bancos do mundo, 65% dos dirigentes têm ou tiveram no passado ligações com empresas que lucram com combustíveis fósseis ou grupos comerciais que fazem lóbi contra medidas de combate à poluição. Nos Estados Unidos, estas ligações são ainda mais fortes: três quartos dos dirigentes dos sete mais importantes bancos norte-americanos enquadram-se nesta situação.
A composição dos conselhos de administração destes bancos mostra assim um panorama diferente das juras de empenho no combate à crise climática, demonstrando um “conflito de interesses sistémico” ao mais alto nível. A análise é de investigadores do grupo DeSmog, cujo objetivo é “clarear a poluição de relações públicas que ensombra a ciência e as soluções para as alterações climáticas”.
De acordo com esta investigação que fez o historial de emprego e de ligações de 565 diretores de bancos dos EUA, Canadá, Europa, África do Sul, China e Japão, 15% destes dirigentes trabalharam diretamente em empresas identificadas pela iniciativa Climate Action 100+ como sendo os piores poluidores mundiais. Um em cada vinte teve ligações com empresas que financiam a extração de carvão, mais de um em cada cinco trabalhou em bancos que apoiaram a extração de combustíveis fósseis e 16% estiveram envolvidos em veículos de investimento que apoiaram indústria poluentes.
Há casos, como o banco holandês ABN AMRO em que todos, neste caso os oito membros da direção, tiveram ligações a empresas identificadas como tendo uma ação nociva para o ambiente. Destes, seis ainda as mantêm.
Na mesma situação da totalidade dos membros da direção envolvidos neste tipo de negócios, encontra-se também o JP Morgan Chase, um banco que já investiu 317 mil milhões de dólares em combustíveis fósseis desde o acordo de Paris.
Estas descobertas são consideradas “previsíveis mas chocantes” pelo investigador Geoffrey Supran, do Departamento de História da Ciência da Universidade de Harvard. Para ele, a “indústria dos combustíveis fósseis tem um registo passado bem conhecido de se insinuar face aos líderes de opinião e aos decisores”. Para além disso há as “portas giratórias entre as lideranças de indústrias interdependentes”. Para estes interesses, “apostar em todos os cavalos” permite-lhes “fazer silenciosamente pender a balança a seu favor nas várias escalas de tomada de decisão institucional, ajudando a atrasar a ação e protegendo o status quo”.
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