“Vim cá a Leiria porque, por incrível que pareça, não me pediram dinheiro”, é assim que Celeste Amaro, Diretora Regional da Cultura do Centro nomeada pelo governo PSD/CDS, define uma companhia de teatro exemplar, algo que não existe “nem em Lisboa nem no resto do país”.
Segundo o Diário de Notícias, na passada sexta-feira, a diretora regional declarou que esta era "uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", elogiando assim a companhia por não apresentar candidatura aos apoios da Direção Geral das Artes.
Foi por mão de Celeste Amaro que Diogo Gaspar, suspeito e sob investigação de roubar bens do Museu da Presidência da República, foi transferido para a Direção Regional de Cultura do Centro. Sobre a transferência declarou que “o facto de ele ser arguido não me interessa nada – atualmente, metade dos portugueses são arguidos”.
Numa pergunta entregue ao governo, os deputados Jorge Campos, Heitor de Sousa e José Manuel Pureza questionam a “visão distorcida do que devem ser as relações entre Estado e agentes culturais e uma profunda incompreensão dos fins a que se destina, e que justificam, o investimento público na criação artística”.
Para o Bloco, as declarações de Celeste Amaro “revelam a sua incapacidade em construir e manter uma saudável relação de trabalho, respeito e confiança recíproca com os agentes culturais da Região, o que é particularmente grave tendo em conta as obrigações específicas que cabem à instituição que dirige no âmbito da avaliação e acompanhamento dos projetos e das estruturas financiadas pelo Estado”.