“A direita já perdeu a maioria e o governo, tem agora de perder o Palácio de Belém”

06 de December 2015 - 21:53

No final da reunião da mesa nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins apontou como prioridades “a implementação do acordo para parar o empobrecimento do país” e “a necessidade imperiosa de a esquerda acabar com o sonho de Cavaco Silva de uma maioria, um governo, um presidente”.

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Catarina Martins e Marisa Matias - Foto de Hugo Delgado/Lusa

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda realizou neste domingo a sua primeira reunião depois da tomada de posse do novo governo e aprovou uma resolução onde trata da situação política nacional, nomeadamente sobre o governo e as eleições presidenciais, mas aborda também a situação europeia, os atentados do Daesh e a Cimeira do Clima.

Implementação do acordo para parar o empobrecimento é prioridade

Em conferência de imprensa, no final da reunião da mesa, a porta-voz do Bloco começou por salientar que “a prioridade do Bloco de Esquerda é a implementação do acordo para parar o empobrecimento do país”.

“Estamos muito empenhados em que seja possível concretizar no mais curto período de tempo possível as medidas que estão no acordo que fizemos com o PS”, sublinhou Catarina Martins, lembrando: a reversão das privatizações dos transportes coletivos; a recuperação de rendimentos, o descongelamento das pensões, a abertura do processo de aumento do salário mínimo nacional e a reposição dos salários da função pública; a necessidade de criar “as garantias do ponto de vista fiscal para que não exista penhora da habitação própria permanente”; “que seja possível que as famílias com menores rendimentos tenham acesso automático à tarifa social da energia”; a implementação das “medidas que têm a ver com o direito do trabalho”; a reposição dos feriados e das 35 horas semanais na função pública; o “reforço dos mecanismos para o combate à precariedade e ao abuso laboral”.

“É essencial que a esquerda se mobilize para esta campanha das presidenciais”

A porta-voz do Bloco apontou igualmente que, “a par das medidas para travar o empobrecimento a prioridade do Bloco é também a campanha presidencial”.

“A direita já perdeu a maioria e o governo, tem agora de perder o Palácio de Belém e temos de eleger uma presidente da República que defenda o país e defenda os direitos concretos inscritos na Constituição da República Portuguesa”, realçou Catarina Martins.

“Marcelo Rebelo de Sousa é o candidato do PSD/CDS, não estará do lado da concretização das medidas para travar o empobrecimento do país, estará sim necessariamente do lado de uma direita que espera que esse acordo possa falhar”, sublinhou a porta-voz do Bloco.

Catarina Martins considerou “estranhas as declarações de Maria de Belém que parece considerar que o compromisso primeiro do Presidente da República não é necessariamente com a Constituição e é sim com as instituições europeias” e salientou:

“Não aceitamos que um PR ponha qualquer compromisso à frente da Constituição da República Portuguesa"

“Não aceitamos que um PR ponha qualquer compromisso à frente da Constituição da República Portuguesa. É na Constituição, nos direitos concretos que a Constituição prevê e no funcionamento das instituições que a Constituição assegura que se mede a atuação do PR”.

A porta-voz do Bloco afirmou ainda que “é essencial que a esquerda se mobilize para esta campanha das presidenciais”, salientando que “Marisa Matias, pelas garantias que dá desde sempre e pelo compromisso grande com a Constituição da República Portuguesa, com a soberania do nosso país e com a democracia é a candidata mais bem preparada para os desafios que a próxima Presidente da República terá à sua frente”.

“A candidatura de Marisa é para levar até ao fim” e o Bloco lutará para que Marisa Matias possa passar à segunda volta

Reiterando que “a candidatura de Marisa Matias é uma candidatura para levar até ao fim” e que o Bloco lutará para que Marisa Matias possa passar à segunda volta, Catarina Martins sublinhou que “não é possível deixarmos que a direita ganhe as presidenciais à primeira volta”.

Na resolução da mesa nacional, o Bloco faz ainda uma “condenação veemente” dos atentados de 13 de Novembro, em Paris, criticando, no entanto, a “lógica de guerra e retaliação”.

“Uma libertação duradoura do regime de morte do Estado Islâmico só pode resultar da ação de forças regionais comprometidas com uma agenda de paz e convivência intercomunitária”, sublinha o partido.

No âmbito da Cimeira do Clima (COP21) que está a decorrer em Paris, a resolução bloquista considera “imperiosa a necessidade de um acordo vinculativo para limitar a 2.ºC a subida média da temperatura até ao final do século, bem como a criação de um fundo de apoio aos países em desenvolvimento".