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Dióxido de carbono na atmosfera atingiu nível recorde

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, a última vez que a Terra registou um tal teor de dióxido de carbono, comparável com o de hoje, foi há cerca de três a cinco milhões de anos.
Foto Gerald Simmons/Flickr
Foto Gerald Simmons/ Flickr.

Esta segunda-feira, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) divulgou o seu boletim anual sobre gases com efeito de estufa e alertou para as consequências das atuais elevadas concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, como uma possível "subida perigosa da temperatura".

"A última vez que a Terra registou um teor de dióxido de carbono comparável foi há cerca de três a cinco milhões de anos: a temperatura era 2º a 3ºC [Celsius] mais elevada e o nível do mar era superior em 10 a 20 metros relativamente ao atual", refere a agência da ONU, lançando o alerta sobre um dos fatores responsáveis pelas alterações climáticas. Para determinar as variações da presença de CO2 na atmosfera ao longo do tempo, os investigadores baseiam-se nas calotes de gelo.

Segundo a organização, esta "subida em flecha" do nível de CO2 deve-se à "conjugação das atividades humanas com um forte episódio do El Nino", um fenómeno meteorológico que surge a cada quatro ou cinco anos e que leva à subida da temperatura do Oceano Pacífico, provocando secas ou níveis de precipitação elevados.

A quantidade de CO2 na atmosfera "era de 400 partes por milhão [ppm] em 2015" e, em 2016, atingiu 403,3 ppm, o que representa "cerca de 145% do que se registava na época pré-industrial (antes de 1750)", precisa o relatório divulgado em Genebra, onde está sediada a OMM.

O planeta na era do Antropoceno: o tempo pressiona

Os avisos do secretário-geral da OMM, o finlandês Peterri Taalas, foram contundentes: “Se não se reduzirem rapidamente as emissões de gases com efeito de estufa, nomeadamente de CO2, caminhamos para uma subida perigosa da temperatura até final do século, muito acima da meta fixada no Acordo de Paris sobre o clima" e "as gerações do futuro vão herdar um planeta muito menos hospitaleiro".

"O CO2 persiste na atmosfera durante séculos e no oceano ainda mais tempo. Segundo as leis da física, a temperatura será mais elevada e os fenómenos climáticos mais extremos no futuro. Não temos uma varinha mágica para fazer desaparecer o CO2 em excesso", explicou Peterri Taalas.

O dirigente da agência da ONU para o Ambiente, Erik Solheim, também deixou alertas claros, sublinhando o óbvio: "o tempo pressiona". "Os números não mentem. As nossas emissões continuam a ser muito elevadas e é preciso reverter a tendência. Dispomos já de diversas soluções para enfrentar este desafio. Só falta a vontade política", concluiu.

Estas são as marcas e as consequências da era do Antropoceno, o planeta é hoje o resultado da ação humana: desde o advento da revolução industrial, no final século XVIII, o crescimento demográfico, a prática de uma agricultura cada vez mais intensiva, a maior utilização do solo, a desflorestação, a industrialização e a exploração de combustíveis fósseis para obter energia provocaram um aumento de gases com efeito de estufa na atmosfera, sendo o principal o CO2.

Este relatório da OMM é divulgado dias antes do início da conferência da ONU sobre alterações climáticas, que se realiza de 6 a 17 de novembro, em Bona, na Alemanha.

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