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Diabetes aumentou em Portugal, médicos querem reforçar resposta

Em sete anos, o número de pessoas com diabetes aumentou 20% e Portugal é um dos três países europeus com maior prevalência da doença.
Foto Alan Levine/Flickr

O Observatório Nacional da Diabetes vai divulgar esta semana a avaliação dos dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde e o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) disse ao Diário de Notícias que esses números mostram “o retrato de um país que tem evoluído muito pouco no sentido de alcançar melhores resultados de saúde."

Para o médico João Raposo, embora o país tenha um plano nacional para travar o crescimento da diabetes, “não estamos a conseguir efetivar essa missão”. Os números a que o jornal teve acesso indicam que existem atualmente cerca de 1,1 milhões de pessoas entre os 20 e os 79 anos com diabetes. Mas há que ter em conta que a proporção das pessoas não diagnosticadas é de cerca de 40%. E que mais de um quarto da população entre os 60 e os 79 anos tem diabetes.

"O número de pessoas com a doença está claramente a aumentar. E isto não está a acontecer só à conta de se fazerem diagnósticos às pessoas que estão por diagnosticar, isto significa que as nossas políticas de promoção da saúde e de prevenção da doença estão a falhar”, acrescenta o presidente da SPD, perante os números que apontam 680 novos casos por cada 100 mil habitantes.

Além de Portugal estar no topo da prevalência da doença, juntamente com a Alemanha e Espanha, o país já tem "uma das mais elevadas taxas de excesso de peso na faixa etária das crianças e dos jovens. Se nada fizermos, estes chegarão à idade adulta com diabetes, e muito mais cedo do que a população diagnosticada nesta altura". O que acontecerá, prevê João Raposo, “se os nossos hábitos não mudarem”.

Apesar de o combate à diabetes ser considerado uma prioridade, a verdade é que os números dos últimos anos não indicam uma inflexão na tendência de crescimento da doença. E embora já não se morra de diabetes no nosso país, acrescenta o presidente da SPD, ela está na origem de doenças cardiovasculares, infeções e cancros. Ou seja, “o agravamento da diabetes irá agravar também estas situações, e isto revela uma falta de estratégia para a prevenção e promoção da saúde".

A quebra acentuada do acompanhamento e rastreio aos doentes durante a pandemia, com menos 262 mil consultas em 2020, ainda não foi recuperado, apesar do crescimento verificado em 2021. Nesse ano o país gastou quase 0,8% do PIB com a doença, com valores estimados entre os 1.400 e os 1.700 milhões de euros. E caso os hábitos não mudem e os diagnósticos precoces não aumentem, essa despesa será muito maior no futuro, alerta João Raposo.

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