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Dez dias depois, o governo de Itália permitiu desembarque de migrantes do “Diciotti”

Finalmente, o ministro do Interior da Itália, líder da extrema-direita, autorizou o desembarque dos 138 migrantes, que estavam desde 16 de agosto no barco e há cinco dias bloqueados no porto de Catânia. O Ministério Público de Agrigento, na Sicília, abriu inquérito contra o ministro.
Os 138 imigrantes começaram a desembarcar do “Diciotti” às primeiras horas deste domingo, 26 de agosto – Foto wikimedia
Os 138 imigrantes começaram a desembarcar do “Diciotti” às primeiras horas deste domingo, 26 de agosto – Foto wikimedia

Os 138 imigrantes começaram a desembarcar às primeiras horas deste domingo, 26 de agosto. Depois de saírem do navio, foram registados um a um pela polícia local.

A situação durava já há dez dias, desde 16 de agosto, quando o “Diciotti” recolheu 177 imigrantes ao largo de Malta. A Itália exigiu então que Malta se responsabilizasse pelos imigrantes, mas as autoridades deste país recusaram e o barco militar italiano foi autorizado a dirigir-se a Catânia, pelo ministro das Infraestruturas de Itália, Danilo Toninelli. Salvini não autorizou, no entanto, que os imigrantes desembarcassem.

A 22 de agosto, o xenófobo ministro italiano autorizou o desembarque de 27 menores, com entre 14 e 17 anos de idade, depois de fortes pressões de organizações e instituições italianas e internacionais. No passado sábado, Salvini voltou a ceder, autorizando o desembarque de 12 pessoas (6 homens e 6 mulheres) que tinham problemas de saúde. As autoridades de saúde de Catânia subiram ao barco para verificar os problemas de saúde e indicaram a existência de 17 pessoas doentes, porém cinco mulheres recusaram-se a sair do barco, separadas das suas famílias. As 6 mulheres, que saíram do barco no sábado passado, foram internadas no serviço de ginecologia de um hospital de Catânia, pois todas terão sido violadas, repetidamente, na Líbia. Os seis homens que também abandonaram o barco no passado sábado, estavam todos doentes com alguma gravidade.

O ministro do Interior de Itália diz que só autorizou a saída dos migrantes do “Diciotti”, depois de ter garantido que a Albânia, a Irlanda, outros países europeus e dioceses da Igreja Católica acolherão estes migrantes.

"Sequestro de pessoas, detenção ilegal e abuso de poder"

Na manhã do passado sábado, Luigi Patronaggio, procurador da cidade de Agrigento, na Sicília, procurou inteirar-se da situação que se passava com o “Diciotti” e com as pessoas, junto de funcionários do ministério do Interior e de membros da Guarda Costeira italiana.

Após esse encontros, o Ministério Público de Agrigento abriu uma investigação contra Salvini, por sequestro de pessoas, detenção ilegal e abuso de poder. Salvini queixou-se, dizendo que é “vergonhoso” que se investigue um “ministro que defende as fronteiras de um país”, mas anunciou que os imigrantes iam poder desembarcar.

Os protestos perante a atuação de Salvini e do governo italiano aumentaram em Itália, tendo o presidente da Agência italiana do medicamento, Stefano Vella, apresentado a demissão, em protesto contra o tratamento dado pelo governo a estes imigrantes.

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