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Destruição ambiental já é irrecuperável em parte da Amazónia

Um dos maiores estudos científicos realizados até hoje conclui que em muitas áreas da floresta o grau de destruição atingiu um ponto que já não será possível reverter os estragos.
Foto Rosanetur/Flickr

Cientistas da Rede Amazónica de Informação Socioambiental Georreferenciada e da Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica divulgaram o estudo "Amazónia corre contra o tempo", que abarca os nove países do território da Amazónia. E a conclusão a que chegaram é que há partes da floresta que nunca mais voltarão a ser o que eram.

"O ponto de viragem não é um cenário futuro, mas um estado que já está presente em algumas áreas da região", aponta o estudo citado pelo Guardian. Apenas dois dos nove países, o Suriname e a Guiana Francesa, mantêm pelo menos metade da floresta intacta e é no Brasil e na Bolívia que está concentrada 90% da deflorestação e degradação ambiental da Amazónia. O resultado é que "a savanização já está a acontecer em ambos os países", refere o estudo.

As organizações indígenas e os seus aliados apelam a um pacto global de proteção permanente de 80% da Amazónia em 2025. Para isso seria preciso recuperar vastas áreas da floresta, uma vez que resta apenas 74% da floresta original. "É difícil, mas pode fazer-se", diz a cientista equatoriana que coordenou o estudo. Para Alicia Guzmán, "tudo depende do envolvimento das comunidades indígenas e das pessoas que vivem na floresta. Isso e a dívida".

Além de conceder o estatuto de guardião da floresta a essas comunidades, é necessário criar proteções a nível estatal e acabar com os alçapões legais que permitem o reforço do extrativismo, sublinha a cientista. Hoje em dia, quase metade da Amazónia é considerada área protegida ou território indigena e apenas 14% da desflorestação ocorre nesses territórios.

"Ao termos pessoas indígenas no processo de decisão, isso significa que podemos contar com o conhecimento de quem sabe mais sobre a floresta", prosseguiu Guzmán, sublinhando que para que isso aconteça "eles precisam de verbas" e de proteção contra quem se apropria das terras, ou contra o avanço das indústrias extrativas como as minas - tanto as ilegais como as autorizadas e cujas licenças devem ser revogadas -, mas também a extração de petróleo, em especial no caso do Equador, onde metade da sua região amazónica é considerada como um bloco petrolífero.

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