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Descoberta primeira fuga de metano no fundo do mar da Antártida

É a primeira fuga descoberta na região. O aquecimento dos mares derrete o gelo e aumenta estes fenómenos. Se o metano não for absorvido por micróbios e chegar à atmosfera poderá, por sua vez, contribuir ainda mais para o aquecimento da atmosfera.
Imagens da Observatório Terrestre da NASA mostram rachas no gelo. As análises posteriores deteteram fuga de metano no Ártico. 2011. Wikimedia Commons.
Imagens da Observatório Terrestre da NASA mostram rachas no gelo. As análises posteriores deteteram fuga de metano no Ártico. 2011. Wikimedia Commons.

Uma equipa de cientistas da Unidade Estadual do Oregon publicou, esta quarta-feira, na revista Proceedings of the Royal Society B - Biological Sciences, uma investigação que demonstra haver uma fuga ativa de metano que no mar da Antártida.

Numa nota publicada na página de internet desta instituição de ensino, explica-se que esta fuga providencia aos cientistas “uma nova compreensão sobre o ciclo do metano e o papel do metano encontrado nesta região para o aquecimento do planeta”.

Andrew Thurber, especialista em Ecologia Marinha da Universidade Estadual do Oregon, um dos investigadores principais, ressalva que outras fugas deste tipo já tinham sido encontradas anteriormente mas esta, no mar de Ross, é a primeira na Antártida. Por isso, “esta é uma descoberta significativa que pode preencher uma lacuna enorme na nossa compreensão do ciclo do metano”.

O metano é o segundo gás mais eficaz no aquecimento da atmosfera. É 25 vezes mais potente do que o dióxido de carbono neste aspeto. Segundo Thurber, “a Antártida tem vastos reservatórios que é provável que abram por causa da diminuição das camadas de gelo devida às alterações climáticas”. Estima-se que esta zona tenha 25% do metano do planeta que se encontra submerso.

Contudo, a maior parte do metano libertado nas águas ou presente nos sedimentos marítimos não tem chegado à atmosfera uma vez que é consumido por micróbios. Por isso, outra descoberta importante da equipa de investigação do Oregon foi que os micróbios que estão à volta desta fuga são “fundamentalmente diferentes dos que se encontram noutros lados nos oceanos”, um fator que será fundamental para perceber se e como este metano chegará à atmosfera.

Só que, até agora, a investigação mostrou que o tipo mais comum de micróbio que consume metano demorou cinco anos a surgir na fuga e que “nem mesmo esses micróbios estavam a consumir todo o metano”. Acredita-se, portanto, que “algum metano esteja a ser libertado para a atmosfera”. Até agora, a presunção dos investigadores tinha sido que as respostas dos micróbios a alterações ambientais eram mais rápidas do que aconteceu neste caso.

Esta fuga não estava ativa até 2011. E foi precisamente a existência de um “tapete microbiano” de 70 metros, criado por bactérias que têm uma relação simbiótica com os consumidores de metano, que chamou a atenção para a existência da fuga. O próprio Thurber salienta o caráter ocasional da descoberta: “precisávamos de uma de sorte parva para encontrar uma [fuga] ativa e conseguimos tê-la.” Foi alertado por um outro investigador da sua existência e assim começou esta sua investigação. Em 2016, o grupo descobriu uma outra fuga.

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