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Desaparecimento da camada de gelo conduz planeta ao "pior cenário" climático

Entre 1992 e 2017, a Gronelândia e a Antártica perderam 6,4 biliões de toneladas de gelo. A rapidez do degelo vai ao encontro das piores previsões do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas para o aumento do nível dos mares.
Planeta aproxima-se do "pior cenário" climático com desaparecimento da camada de gelo
Fotografia de Frédéric Morin/Flickr.

De acordo com o anunciado pela Agência Espacial Europeia (ESA), a liquefação da camada de gelo está a caminho do “pior cenário” climático no planeta. 

A velocidade a que as camadas de gelo estão a desaparecer já tinha servido de alerta de um estudo publicado na revista Nature, que indicava que o desaparecimento das camadas de gelo da Antártica e Gronelândia estão “em concordância com o pior cenário de aumento do nível do mar” do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla original). 

Esta é a publicação de um estudo já divulgado previamente, realizado por uma equipa internacional de cientistas da Universidade de Leeds (Reino Unido) e do Instituto Meteorológico Dinamarquês (DMI), que qualificavam o fenómeno como “impressionante” e alertavam para o impacto do derretimento de glaciares e mantos de gelo no aumento da temperatura do planeta. Este impacto funciona em efeito de bola de neve: a redução das quantidades de gelo causam uma maior exposição do mar e dos solo escuros que se encontram por baixo deste, o que, por sua vez, dá espaço a uma maior absorção do calor.

“Desde que a monitorização sistemática das camadas de gelo começou, no início de 1990, a Gronelândia e a Antártica juntas perderam 6,4 biliões de toneladas de gelo entre 1992 e 2017”, elevando o nível global do mar em 17,8 milímetros, lê-se no documento.

As consequências deste degelo observam-se não apenas no volume de glaciares e mantos de gelo, nem somente no contributo direto no aumento das temperaturas. Segundo os cientistas, se esta velocidade se mantiver, isto resultará num aumento de mais 17 centímetros no nível do mar, o que por seu turno tornará mais de 16 milhões de pessoas vulneráveis a inundações costeiras anuais. 

“As observações de satélite não apenas nos dizem quanto gelo se está a perder, mas também ajudam a identificar e entender que partes da Antártica e da Gronelândia estão a perder gelo e através de que processos”, explicou Tom Slater, investigador do clima do Centro de Observação e Modelação Polar da Universidade de Leeds, em citação da agência Lusa.

Para o investigador, os satélites são o único meio de monitorizar rotineiramente estas áreas vastas e remotas, sendo por isso “absolutamente essenciais” para fornecer medições.

A agência meteorológica da ONU anunciou no início do mês que o verão de 2020 vai deixar uma “ferida profunda” nas áreas do planeta cobertas por gelo, depois de uma onda de calor no Ártico.

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