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Derrota da extrema-direita nas eleições municipais francesas

A União Nacional de Marine Le Pen reduziu quase para metade o número de eleitos locais. A vitória em Perpignan não conseguiu apagar os fracos resultados eleitorais do passado fim de semana.
Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita União Nacional no parlamento francês. Foto de YOAN VALAT/EPA/Lusa.
Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita União Nacional no parlamento francês. Foto de YOAN VALAT/EPA/Lusa.

840 eleitos em 258 comunas. Este foi o resultado da formação de extrema-direita francesa União Nacional. São muito menos do que os 1.438 eleitos em 463 comunas que o partido de Marine Le Pen tinha obtido nas últimas autárquicas francesas em 2014.

O número de listas apresentadas para estas eleições, que desceu 30%, demonstrava já haver problemas. Isto apesar da direção partidária ter alegado que estava a preferir “a qualidade em vez da quantidade”. E a primeira volta destas eleições tinha indicado que os resultados da União Nacional não seriam brilhantes. O partido descera nas cidades com mais de dez mil habitantes, até nos seus bastiões de Hauts-de-France e Provence-Alpes-Côte d'Azur.

A segunda volta deste domingo confirmou a situação. Houve várias derrotas marcantes. Cyril Nauth perdeu Mantes-la-Ville, a única autarquia na região da capital francesa. E Pascal Verrelle perdeu Luc. Ambos para candidatos da direita. Também o senador Stéphane Ravier não conseguiu manter a gestão do sétimo setor de Marselha.

E a grande aposta no general Bertrand de la Chesnais em Carpentras, apoiado pela extrema-direita mas não pertencendo ao partido, também falhou. Esta cidade ficou na história da Frente Nacional, nome anterior do partido de extrema-direita, e do seu líder, Jean-Marie Le Pen, pai da atual líder e seu rival. Na sequência da profanação do cemitério judeu local por skinheads, Le Pen foi acusado de ser um dos instigadores devido a várias declarações consideradas anti-semitas. A repercussão nacional do caso e as manifestações anti-racistas que se seguiram marcaram uma etapa na rejeição ao partido.

Por outro lado, as vitórias em algumas autarquias de média dimensão não foram suficientes para atenuar a descida generalizada. O deputado Ludovic Pajot ganhou na cidade de Bruay-la-Buissière (22 mil habitantes) e Romain Lopez venceu em Moissac (12.500 habitantes).

A vitória mais significativa foi assim empolada para tentar esquecer as perdas. Pela primeira vez desde a experiência de 1995 em Toulon, que durou apenas um mandato, o partido de extrema-direita conseguiu ganhar numa cidade de mais de cem mil habitantes. Foi em Perpignan, onde Louis Aliot bateu na segunda volta o ex-presidente de Câmara Jean-Marc Pujol. Marine Le Pen tratou de dizer que foi “uma verdadeira grande vitória” que permitirá “demonstrar que somos capazes de gerir grandes coletividades” tendo saudado também a derrota da coligação negativa que se tinha aí formado contra a possibilidade de vitória da extrema-direita. Nesta cidade como no resto do país, a taxa de abstenção subiu muito em tempos de coronavírus (tinha sido 47,2% e passou agora para 62,75%).

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