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Demissões na Casa Branca e risco legal levam Trump a condenar invasão do Capitólio

O ainda Presidente dos EUA gravou um vídeo onde lê uma mensagem a prometer uma transição pacífica no dia 20 de janeiro.
Donald Trump
Foto de Shealah Craighead/Casa Branca/Flickr

O rescaldo da invasão do Capitólio instigada por Donald Trump para interromper a certificação do resultado das eleições de 3 de novembro abriu feridas profundas entre os republicanos e na própria Casa Branca. Feridas visíveis logo após a sessão do Congresso ser reatada, com vários congressistas até então fiéis à vontade do Presidente de pôr em causa os resultados a mudarem de posição, confirmado a vitória de Biden. Esta quinta-feira foi a vez de vários membros da administração abreviarem o fim das suas funções.

Elaine Chao, responsável no Governo pela pasta dos Transportes e casada com o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, foi a primeira a alegar “o acontecimento traumático e inteiramente evitável” instigado pelo comício de Trump, para abandonar a administração. Seguiu-se Betsy DeVos, a responsável pela Educação, apontando “o impacto que a sua retórica teve na situação” como “o ponto de inflexão” que a faz sair do cargo duas semanas antes do previsto.

Outros altos funcionários da Casa Branca tomaram a mesma decisão. Entre eles estão o presidente do grupo de conselheiros económicos da Presidência, Tyler Goodspeed, o ex-chefe de gabinete e atual enviado para a Irlanda do Norte, Mick Mulvaney, ou o vice-conselheiro para a segurança nacional Mattew Pottinger. Entre muitas outras saídas em vários departamentos, há uma que foi por ordem presidencial: a de Gabriel Noronha, nomeado por Trump para o Departamento de Estado em assuntos iranianos, por ter tweetado que o Presidente está “totalmente incapacitado para permanecer no cargo”.

O êxodo de pessoal da administração, a pressão para a destituição que o afastaria da eleição de 2024 e a possibilidade em aberto de ele próprio vir a ser acusado pelo crime de ter incitado a invasão que culminou na morte de quatro pessoas na capital norte-americana terá levado Trump, segundo o New York Times, a aceitar contrariado o conselho dos seus assessores para ler uma mensagem a condenar os incidentes de quarta-feira e a aceitar a transição de poder.

Para que ainda seja possível tirar Trump da Casa Branca antes de 20 de janeiro, é necessária a colaboração do vice-presidente Mike Pence. Mas tudo indica que este não está aberto a essa possibilidade, apesar de não ter voltado à Casa Branca após a invasão e de não ter recebido nenhum contacto de Trump enquanto se refugiava dos manifestantes que forçaram a entrada no Capitólio. Pouco antes da invasão, Trump tinha-o atacado por não ter seguido as suas ordens para obstaculizar a certificação do resultado eleitoral.

A liderança Democrata, agora com maioria em ambas as câmaras, promete avançar na mesma com um processo de destituição, invocando a incapacidade do Presidente para exercer o cargo. “Embora faltem apenas 13 dias, cada dia pode ser um espetáculo de horrores para os EUA”, afirmou a líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

Regressado ao Twitter, que lhe suspendeu a conta durante doze horas, enquanto o Facebook não o deixará publicar nada até à posse de Biden, restam a Donald Trump duas semanas de um mandato que termina de forma agonizante. As atenções viram-se agora para a possibilidade de o ainda Presidente vir tomar uma medida que já evocou no passado: conceder um perdão a si próprio para prevenir condenações futuras por crimes cometidos durante o exercício do cargo.

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