Crianças dormem ao relento após demolição do campo de Calais

27 de October 2016 - 14:19

A operação de demolição do campo de migrantes está a ser criticada por ONG, que denunciam o abandono de muitos menores desacompanhados.

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Menores em Calais
Menores à espera do recenseamento em Calais. Foto Passeurs d'hospitalités

Ao contrário do sucesso apregoado pelo governo francês e as autoridades locais, o processo de demolição e recolocação dos migrantes que ocupavam a zona perto da cidade de Calais deixou muita gente sem apoio nem sítio onde viver.

Centenas de pessoas ficaram fora do processo de recenseamento, entre as quais muitos menores desacompanhados, que viram encerrar o processo mais cedo que o previsto e foram obrigados a passar as noites de terça e quarta-feira ao relento, no meio dos escombros do acampamento destruído e parcialmente em chamas. Na quarta-feira, mulheres e crianças fizeram uma manifestação a pedir ajuda ao Reino Unido.

Com a partida de milhares de migrantes e refugiados em autocarros para centros de acolhimento noutras partes de França, também algumas ONG presentes em Calais – como a Emmaüs France e a Human Rights Watch – foram impedidas pela polícia de continuar no acampamento a dar apoio aos que ficaram.

Os Médicos Sem Fronteiras criticaram duramente o processo de triagem de menores, por contrariar todas as garantias dadas pelas autoridades francesas. Muitos destes menores foram postos na fila dos adultos “apenas pela simples observação da cara, sem nenhuma entrevista, tradução ou possibilidade de recurso”, diz o site dos MSF.

Segundo as autoridades francesas, foram recolocados 4.404 pessoas e recenseados 1.200 menores, que foram colocados na zona de contentores em Calais, que atingiu o máximo da capacidade. Destes menores, 233 foram acolhidos no Reino Unido. A preocupação das ONG centra-se agora no destino das centenas de menores que ficaram fora do processo de recenseamento e deixados à sua sorte.