O jornal Público revelou esta quarta-feira, 21 de julho, que a CP está a suprimir comboios por falta de maquinistas. Questionada pela TSF, a empresa confirmou a falta de maquinistas para garantir a realização de todos os comboios.
Segundo o Público, a supressão de comboios começou em junho, apenas nos suburbanos do Grande Porto, tendo sido suprimidos 25 comboios. A 21 de julho, as supressões ascendem a 130 e, para além do Grande Porto, também acontecem no Algarve. No Grande Porto, a falta de um suburbano dilui-se, no Algarve a situação é mais grave, pois tem mais impacto nos passageiros, uma vez que o número de comboios é menor. A CP tem alugado autocarros para substituir comboios, mas os autocarros não cobrem todos os apeadeiros.
O problema de fundo é a falta de maquinistas, sinal do desinvestimento na ferrovia ao longo de anos, e manifesta-se nos meses de verão, devido ao período de férias.
De acordo com o jornal, os maquinistas andam há meses, ou mesmo anos, a acumular dias de trabalho nos dias em que deviam descansar, por falta de profissionais.
Por cada folga trabalhada, os maquinistas ganham mais 150% do seu salário-hora e têm ainda direito à compensação desse dia (há outra hipótese, mas não é escolhia pelos profissionais, uma vez que lhes é mais desfavorável). A situação tem vindo a agravar-se pela acumulação de “dívida” de dias de descanso aos máquinistas. Com o período de férias de verão, a CP viu-se obrigada a suprimir comboios.
As supressões vão continuar até setembro, pelo menos. O jornal refere que a CP está há vários meses à espera de contratar 30 novos maquinistas, mas a pandemia atrasou o processo da certifificação, da responsabilidade do IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes). Esta contratação mitigará o problema, mas não o resolverá, pois há défice de maquinistas.
A administração da CP reconhece as dificuldades e as supressões, informa que foram admitidos nove maquinistas e está em curso a admissão de mais 30 e explica que "o défice do quadro efetivo de maquinistas com que atualmente a empresa se depara, bem como o atual período de férias, geram dificuldade, implicam a falta de capacidade para satisfazer toda a oferta atual" e ao recurso ao “trabalho extraordinário."