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Covid-19: Francisco George critica “o egoísmo dos países ricos e industrializados”

A propósito da nova variante omicron, o ex-diretor geral da Saúde criticou os países ricos, pela distribuição desigual de vacinas e tratamentos médicos que expôs populações vulneráveis à covid-19, com as consequentes mutações que ameaçam o mundo inteiro.
Francisco George, ex-diretor geral da Saúde, 2020 - foto de Rodrigo Antunes/Lusa
Francisco George, ex-diretor geral da Saúde, 2020 - foto de Rodrigo Antunes/Lusa

Nesta sexta-feira, o ex-diretor geral da Saúde, Francisco George, declarou à Lusa, a propósito da omicron, a nova variante da coronavírus: “Fiquei preocupado, muito preocupado. É uma notícia que naturalmente ninguém queria conhecer, mas essa evolução era admitida por todos”.

Francisco George lamentou que as vacinas não tenham chegado a toda a população mundial e criticou “a falta de solidariedade de países industrializados ricos com os países mergulhados em crises de grandes pobrezas e dificuldades, como acontece nestes países agora mais afetados”.

E sublinhou que “não tem havido o cuidado de se investir na saúde global, apesar dos apelos do diretor-geral da OMS que tem insistido na necessidade da ajuda aos países que não têm dinheiro para comprar as vacinas”.

Francisco George salientou que o facto da nova variante ter sido detetada na África do Sul, se deve às condições do país, nomeadamente as grandes concentrações de população e, sobretudo, uma elevada proporção de pessoas com as respostas imunitárias comprometidas, as quais são fundamentais para travar a doença.

“Este é um processo que pode explicar a situação que agora surgiu” na África do Sul, disse Francisco George, apontando que “a pobreza e as desigualdades são gritantes” e criticando o “manifesto egoísmo por parte dos países industrializados do mundo”.

O especialista em Saúde Pública criticou também os países ricos por terem resolvido problemas relacionados com os fluxos financeiros, mas não com os da saúde global e afirmou: “é uma consequência que poderia ter sido teria sido evitada se, no início, a preocupação da distribuição de meios fosse tida em atenção”.

Sublinhando que há muito a conhecer sobre a variante omicron, Francisco George apontou ainda que “é preciso reforçar, desde já, os meios de vigilância laboratorial dos vírus e dos coronavírus que circulam. É preciso mobilizar reservistas e investir, mas investir mesmo, para o sistema de vigilância laboratorial, sobretudo o centrado no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA)”.

O especialista em Saúde Pública sublinhou ainda que “a vacinação deve continuar, pois continua a apresentar vantagens, até que a indústria farmacêutica consiga produzir vacinas capazes de assegurarem a proteção em relação a esta nova variante, se for preciso”.

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