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Contra a reforma das pensões em França, trabalhadores dão energia grátis

As ações “Robin dos Bosques”, promovidas pelo setor da energia da CGT, estão a dar eletricidade e gás gratuitos a escolas, hospitais e habitação social, a reduzir tarifas para pequenos comerciantes e a restabelecer eletricidade cortada por falta de pagamento.
Trabalhadores em luta contra a reforma das pensões de Macron. Foto da CGT Energia.

Chamam-lhes “ações Robin dos Bosques”. E depois das massivas manifestações são uma das várias expressões de rejeição pública da reforma das pensões do presidente francês Emmanuel Macron, que pretende aumentar a idade de reforma e os anos de contribuições necessários para ter direito a uma reforma completa.

Os trabalhadores do setor da energia em França estão em greve esta quinta e sexta-feira, o que afeta centrais, refinarias e portos. E anunciaram que participarão na nova grande mobilização contra a reforma das pensões agendada para dia 31 de janeiro. Mas o que está a ganhar mais destaque são pequenas ações de luta paralelas a estes processos, nas quais este trabalhadores tratam de fornecer “gratuitamente” eletricidade ou gás a instituições como escolas, hospitais, bibliotecas, piscinas municipais, centros desportivos públicos, associações de interesse público. Fazem o mesmo a particulares como os que vivem em habitações sociais ou com rendas a custos controlados, reduzem tarifas a pequenos comerciantes (em 60%) ou retomam o fornecimento de eletricidade a lares onde esta tinha sido cortada por falta de pagamento “por fornecedores pouco escrupulosos”, para os “proteger do frio”.

A Federação da CGT das Minas e da Energia diz que o objetivo deste tipo de ações é “intensificar a relação de forças” e que se trata de implementar uma “sobriedade tarifária” em favor dos “mais precários”. E avisa que o que tem acontecido até agora “é apenas o começo” e que se pode repetir “a qualquer momento”.

Algumas ações semelhantes já tinham ocorrido em mobilizações anteriores de forma espontânea. Mas “é sem dúvida uma estreia de forma coordenada em todo o território”, reconhece Fabrice Courdor, o secretário-geral desta organização, em declarações à Agência France Press.

Em declarações à France 3, Renaud Henry, da secção de Marselha da organização, explica que tudo isto é feito “sem colocar em perigo nem bens nem pessoas”, tratando-se apenas de uma operação técnica. Reconhece tanto que é “completamente ilegal” quanto que é “completamente moral” porque é “um grito de alarme” por parte de quem quem quer que a eletricidade “volte a ser um serviço público a 100% como era o caso durante os anos 1970”.

Para além disto, o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, deixou no ar, em entrevista à RTL a possibilidade de existirem cortes cirúrgicos de energia dirigidos a milionários para que estes “vivam algumas horas, alguns dias, a situação de milhões de lares que vivem em precariedade energética, que não têm escolha e que tiveram a sua eletricidade cortada”.

O governo responde com cólera. O ministro da Economia, Bruno Le Maire, diz que as “ações Robin dos Bosques” são “inaceitáveis” porque “não é a CGT que decide quem deve pagar o quê, é o interesse geral”. E a ministra da Transição Energética, Agnès Pannier-Runnacher, à RMC-BFM diz tratar-se de “intimidação” e encoraja as empresas a apresentar queixas.

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