Conferência mundial sobre o clima antecipa revisão de Quioto

30 de August 2009 - 14:59
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Alterações climáticas vão ser o centro do debate em GenebraPeritos em ambiente e responsáveis políticos de 150 países participam a partir de segunda-feira na III Conferência Mundial sobre o Clima, em Genebra, onde deverá ser criado um quadro global para os serviços de clima que reúna dados de observação e investigação à escala mundial. Desta conferência pode sair um novo acordo que antecipará da revisão do protocolo de Quioto.

O objectivo final é ajudar os governos, através do aperfeiçoamento dos serviços de observação do clima, a adoptar medidas que ajudem os países a adaptar-se da melhor forma às alterações climáticas e a reduzir o impacto destas mudanças, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a entidade organizadora do encontro, que decorre na Suíça entre 31 de Agosto e 04 de Setembro.

Portugal será representado nesta conferência pelo presidente do IM e pelo secretário de Estado do Ambiente.

O presidente do Instituto de Meteorologia (IM), Adérito Serrão, disse à Lusa que "a temperatura média em Portugal está a subir a uma razão superior à da Europa (0.4º Celsius por década, desde a década de 70)", justificando o interesse em participar na conferência.

Adérito Serrão, que presidente também ao Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo, adiantou que "cada vez mais se reconhece que há uma ligação bastante provável entre a elevação das temperaturas e a acção humana", sugerindo a necessidade de serem tomadas medidas que diminuam as emissões de gases.

De acordo com o presidente do IM, esta conferência vem na sequência de outras realizadas nas décadas de 70 e 90 e "ganhou agora importância e actualidade atendendo às manifestas alterações que o clima está a sofrer a nível global e que obrigam a intervenções quer dos decisores políticos, quer dos vários operadores económicos, e do cidadão em geral".

Nesta conferência, que contará com a presença do secretário-geral das Nações Unidas e de chefes de Estado e de Governo de vários países, deverá ser criado um quadro global para os serviços de clima que reúna dados de observação e de investigação à escala global, apresentados por várias organizações.

"Há necessidade de criar um quadro global que faça reproduzir e integrar toda esta informação [dados de observação e investigação] e que seja possibilitado o acesso desta informação a uma escala mais local. Isto é, que os decisores políticos e o cidadão comum possam ter acesso não só às observações climáticas mas sobretudo às antecipações, aos cenários para estabelecerem medidas de adaptação tendo presentes os vários sectores onde o clima e as alterações possam gerar impactos", explicou.

Adérito Serrão admite que venha a sair desta conferência uma declaração que comprometa os participantes no sentido de implementar o quadro global de serviços de clima no sentido de passar a ser este "o principal referente para a tomadas de medidas de políticas à escala global".

Esta conferência vai antecipar a Conferência das Partes relacionada com as emissões de gases para a atmosfera que se realizará em Copenhaga, em Dezembro - que, por sua vez, antecipará o encontro para a revisão do Protocolo de Quioto.

"A Conferência das Partes em Copenhaga servirá para definir as metas que os países se vão comprometer a nível global e nacional para combater os efeitos da alteração do clima" e será a "preparação para a revisão de Quioto", adiantou.