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Compensar multinacionais por pagarem salário mínimo “é um insulto a quem trabalha”

Na manifestação dos trabalhadores da restauração organizada pela CGTP, esta quinta-feira em frente ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu a necessidade de apoios públicos à restauração com garantias de que chegam de facto aos trabalhadores do setor. E criticou o governo pela decisão de compensar as empresas pela subida do salário mínimo nacional, através da Taxa Social Única, uma vez que são as grandes cadeias de fast food quem mais irão beneficiar da medida.
O Bloco de Esquerda tem alertado que “é preciso mais apoio ao setor da restauração, mas ele deve ser acompanhado com fiscalização que garanta que o apoio dado às empresas chega aos trabalhadores”.
A informalidade que domina o trabalho na restauração é a origem de “sucessivos relatos de profundos abusos”, alerta Catarina.
Por isso, diz, é necessário “um acordo entre o Estado e o setor da restauração”, que garanta o apoio financeiro necessário, uma vez que “foram pedidas limitações em nome da saúde pública”, mas que garanta a contrapartida de cumprirem “os direitos dos trabalhadores”.
É importante garantir que “o apoio público vai para o que conta, para manter os salários, para manter o emprego, porque é isso que faz a diferença no país”.
Tivemos situações de trabalhadores que ganhavam dois terços do salário mas continuavam a tempo inteiro, através do abuso do lay-off. Situações onde as empresas receberam o dinheiro do lay-off e nunca pagaram o que deviam aos trabalhadores, que depois foram despedidos.
“Seguramente que é necessário apoio público à economia, mas esse apoio deve ser em nome do que importa. Vai ser necessário mudar procedimentos”.
Compensar subida do SMN é “um absurdo e um insulto a quem trabalha”
“Esta manifestação é um bom exemplo de porque é que é um erro o governo querer compensar através da TSU a subida do salário mínimo nacional (SMN)”, prosseguiu Catarina. E explica porquê. “O SMN em Portugal deve subir. É um dos mais baixos da Europa”.
E relembra que “quem trabalha e recebe o salário mínimo não sai da pobreza. E isso é inaceitável e indigno. Em Espanha, o salário mínimo vai subir para mil euros”.
“As empresas precisam de apoios mas não é para compensar a subida do SMN”, argumenta. “Olhemos para os trabalhadores desta manifestação. As grandes cadeias de fast-food, viram todas o seu negócio aumentar durante a pandemia. E pagam salário mínimo”.
“Vamos agora compensar as grandes cadeias de fast-food por pagarem salários de miséria, em vez de apoiarmos empresas que pagam salários acima do SMN e que, estas sim, tiveram quebras de faturação devido à crise?”, questionou a coordenadora do Bloco.
“Confundir uma coisa com a outra é um erro”, alerta. O país deve “seguramente” apoiar quem precisa com apoios públicos, mas “compensar” grandes empresas por continuarem a pagar o salário mínimo nacional, empresas que “aumentaram o seu negócio” durante a crise, é “um absurdo e um insulto a quem trabalha”, concluiu Catarina.
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