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Como aceder à moratória? Deco recebeu centenas de pedidos de ajuda

Famílias e trabalhadores a recibos verdes têm contactado a associação de defesa do consumidor para obter orientações sobre como lidar com a súbita queda de rendimentos.
Foto de Paulete Matos.

A Deco, associação de defesa do consumidor, já recebeu contactos de centenas de famílias desde a declaração do estado de emergência face à pandemia de covid-19 em Portugal. Os contactos têm como objetivo pedir ajuda para “esticar” o orçamento das famílias e lidar da melhor forma possível que a súbita quebra dos rendimentos.

"De há três semanas a esta parte têm sido algumas centenas de chamadas", adianta Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco ao Diário de Notícias.

Como esperado, as famílias em situação de maior precariedade foram as primeiras a sentir na pele a quebra de rendimentos.

"Já temos algumas dezenas de pedidos de ajuda para intervir junto dos bancos para renegociar os créditos", descreve Natália Nunes. "São famílias com recibos verdes que viram os rendimentos reduzidos e estão com muita dificuldade em honrar os compromissos, como crédito à habitação, mas também ao consumo e cartões de crédito."

"Com o evoluir da situação vão surgir outras situações", admite. "Temos muitas pessoas que trabalham em pequenas empresas que fecharam e ficaram sem emprego, não sabem se vão ou não ser postas em lay-off ou se vão ter empresa para onde regressar findo o Estado de Emergência, que não sabem a quem recorrer, nem se no fim do mês vão ter rendimento", relata.

Segundo a associação, a maioria dos contactos procuram informação sobre as moratórias previstas no crédito à habitação e nas rendas, sobretudo porque muitos não entendem em que situações se aplica ou que condições existem.

"Não há garantias que depois da crise haverá emprego... e daqui a seis meses terão de retomar os pagamentos", lembra. Por isso, a Deco recomenda que quem decidir aderir veja com o seu banco as opções que tem em cima da mesa e que mais se ajustam às suas necessidades.

A Deco lembra também que entre as medidas de emergência aprovadas na Assembleia da República consta a proibição do corte dos serviços essenciais: “durante o estado de emergência e no mês subsequente, não é permitida a suspensão do fornecimento de água, energia elétrica, gás natural e comunicações eletrónicas”.

"O que vimos na última grande crise é que as pessoas continuam a ir ao supermercado, mas cortam em determinados produtos que trocam por opções mais baratas. Na carne e no peixe, que têm preços mais elevados, corta-se muito", descreve. E também na farmácia. "Na crise de 2011-2012, as pessoas de mais idade deixaram de aviar receitas."

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