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Começou julgamento dos cúmplices do atentado ao Charlie Hebdo

O julgamento dos cúmplices dos atentados de 2015 pelo Tribunal Judicial de Paris teve início esta quarta-feira. O Charlie Hebdo voltou a publicar as caricaturas de Maomé que motivaram os autores do massacre contra o jornal satírico francês.
Edição do Charlie Hebdo de quarta-feira, dia 2 de setembro.
Edição do Charlie Hebdo de quarta-feira, dia 2 de setembro.

A 7 de janeiro de 2015, os irmãos Saïd e Chérif Kouachi invadiram a sede do Charlie Hebdo, em Paris, vestidos de preto e armados com fuzis Kalashnikov. Durante o ataque, mataram 12 pessoas, incluindo uma parte da equipe do jornal satírico francês, entre os quais os desenhadores Charb, que dirigia o jornal, Cabu, Wolinski e Tignous, e dois polícias. Feriram ainda mais outras 11 pessoas nas proximidades do local. Nos dois dias seguintes, registaram-se novos ataques. O jiadista Amedy Coulibay, cúmplice dos irmãos Kouachi, matou um na localidade de Monrouge, ao sul de Paris, e assassinou quatro clientes num supermercado de produtos judeus. Tal como Saïd e Chérif Kouachi, Amedy Coulibay também acabou por ser abatido pelas autoridades.

Cinco anos mais tarde, o Tribunal Judicial de Paris iniciou, esta quarta-feira, o julgamento dos 14 supostos cúmplices pelos atentados que traumatizaram França em 2015. Neste dia, o Charlie Hebdo voltou a publicar caricaturas de Maomé, inclusive a ilustração que motivou o ataque terrorista de janeiro de 2015.

"Nunca nos ajoelharemos. Nunca renunciaremos", lê-se numa mensagem do diretor publicada no interior do jornal. A equipa editorial da revista avança que tem recebido frequentemente pedidos no sentido da publicação de outras caricaturas de Maomé: “Sempre recusámos, não porque seja proibido, mas sim porque era preciso uma boa razão para o fazer, uma razão que faça sentido e que contribua para o debate. Reproduzir na semana de abertura do julgamento dos atentados de Janeiro de 2015 estas caricaturas pareceu-nos indispensável”, escrevem os jornalistas.

Antes de entrar no Tribunal, o advogado da publicação, Richard Malka, afirmou que a liberdade de expressão “é a essência do espírito de Charlie Hebdo: negar-se a renunciar às nossas liberdades, ao nosso riso e inclusive à nossa blasfémia".

"Se não podemos ofender ninguém, temos de viver em grutas e não podemos discutir com os outros", continuou, sublinhando que deixar cair este princípio pressupõe "abandonar o pensamento livre".

Tendo os três autores dos atentados sido abatidos durante o ataque, a justiça francesa julga agora os 14 supostos cúmplices, acusados de terem ajudado a organizar os ataques. Destes, três estão desaparecidos e sob ordem de busca e captura desde março de 2018. As penas em que incorrem oscilam entre os 10 e 20 anos de prisão e a prisão perpétua. Durante as sessões, que se prolongarão até 10 de novembro, o Tribunal Judicial de Paris ouvirá 144 testemunhas, entre as quais sobreviventes e familiares das vítimas.

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