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"A cimeira do clima em Katowice não serve"

Sindicalistas e ativistas pela justiça climática lançaram um manifesto em Lisboa, onde defenderam que "a solução para a crise climática tem que vir de baixo" e não dos políticos e empresários reunidos em mais uma cimeira do clima..
Michał Kurtyka, o secretário de Estado do Ambiente da Polónia, foi escolhido pelo governo anfitrião para presidir aos trabalhos da cimeira do Clima que se realiza de 3 a 14 de dezembro. Foto COP24/Twitter.

Esta declaração foi escrita por sindicalistas e ativistas pela justiça climática, reunidos em Lisboa nos dias 22-25 de novembro por iniciativa da campanha Empregos para o Clima e da Fundação Rosa Luxemburgo. O texto foi lançado na sessão de encerramento dos IV Encontros Internacionais Ecossocialistas.


A cimeira do clima em Katowice não serve. Os trabalhadores precisam de mobilizar-se para exigir uma transição justa.

Políticos e empresários reunir-se-ão em Katowice, Polónia, de 3 a 14 de dezembro, para mais uma cimeira sobre o clima, a COP-24, para discutir a acção climática global.

Primeiro, eles irão culpar os governos negacionistas das alterações climáticas de direita, que ameaçam abandonar o acordo de Paris. Então, irão escrever e assinar mais documentos.

Os tratados e acordos internacionais envolvem sérias sanções para países que desejem sair ou quebrar os acordos. Sabemos isto porque o temos visto acontecer recentemente com acordos internacionais de comércio. Em contraste, sabemos o quão inconsequente é sair do Acordo de Paris, já que o acordo não acarreta quaisquer sanções. Mas também sabemos o quão inconsequente é permanecer no Acordo de Paris, com as suas metas voluntárias e não vinculativas que, mesmo se cumpridas, nos empurrarão para uma mudança climática descontrolada.

O capitalismo não será a sua própria cura. A solução para a crise climática tem que vir de baixo.

Os governos de todo o mundo devem lançar imediatamente programas de transição justa para se mudar para uma economia pós-carbono. No entanto, em Katowice, como em todas as vinte e três cimeiras anteriores, os governos vão falar sobre o que deve acontecer em 2030 ou 2050, em vez de fazerem compromissos concretos para 2019 e 2020 (isto é, quando estão realmente no poder).

Neste momento, não há transição energética (justa ou injusta) em curso que chegue perto de limitar o aquecimento global em 2º C, como sugerido pelo acordo de Paris. O business-as-usual (continuar como de costume) fornece apenas uma transição para o caos climático.

Isso significa que os trabalhadores devem tomar o assunto nas suas próprias mãos e lutar por uma transição justa nos seus termos. Precisamos de alcançar a justiça social e climática ao mesmo tempo, porque essa é agora a única maneira de ganhar qualquer uma delas.

Nós exigimos:
    •    programas de formação em energias renováveis e empregos de eficiência energética para quem trabalha nas indústrias de combustíveis fósseis, a serem lançados imediatamente,
    •    controle público e democrático sobre o sector da energia,
    •    investimento nos transportes públicos e colectivos nas cidades, assim como nas ligações entre cidades e países,
    •    investimentos maciços e empregos em sistemas de energias renováveis,
    •    o fim de todas as guerras, bem como da produção e venda de armas,
    •    racionalizar e localizar linhas de produção, distribuição e consumo baseadas em necessidades humanas, em vez de lucro.

Não esperamos nada dos corredores da COP24.

A nossa esperança é baseada unicamente nos coveiros do capitalismo. Convidamos as e os trabalhadores do mundo inteiro a mobilizarem-se para defender um planeta habitável e a civilização, e a lutar por uma transição justa nos seus locais de trabalho, nas suas comunidades e mais além.

Para assinar a declaração: https://actionnetwork.org/petitions/the-climate-summit-in-katowice-wont-do-the-workers-must-mobilize-to-demand-a-just-transition/

 

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