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China veta tomada de posse de deputados em Hong Kong

Os dois deputados pró-independência de Hong Kong que se recusaram a jurar lealdade à China na tomada de posse foram agora impedidos por Pequim de assumir os seus mandatos.
Manifestação
Manifestação em Hong Kong no domingo em protesto contra a interferência da China no caso dos dois deputados eleitos na região. Foto Helier Cheung/Twitter

A cerimónia de posse dos deputados de Hong Kong em junho ficou marcada pelo protesto de Yau Wai-ching e Sixtus “Baggio” Leung, que se recusaram a fazer o juramento de lealdade à China e levaram bandeiras onde se lia “Hong Kong não é a China”. Segundo a edição online do jornal Guardian, esta segunda-feira chegou a resposta de Pequim: o juramento é inválido, pelo que os deputados estão impedidos de exercer o seu mandato.

A decisão chinesa representa para a já a maior interferência no sistema político de Hong Kong desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China em 1997, que deu um estatuto administrativo especial à região. Uma fonte dos Negócios Estrangeiros britânicos disse à agência Reuters que Londres apelou aos governos da China e Hong King que se abstenham de agir no sentido de “alimentar a preocupação ou minar a confiança no princípio de “um país, dois sistemas”.

A reivindicação de independência de Hong Kong tem ganho adeptos sobretudo entre os mais jovens e a decisão de Pequim arrisca-se a extremar ainda mais esse sentimento, defendem alguns ativistas pró-democracia ouvidos pelo Guardian. Outra explicação avançada para este veto inédito ao mandato de deputados eleitos é a vontade de Pequim de não voltar a ver casos semelhantes ocorrerem em regiões sob a sua administração onde o sentimento independentista é forte, como o Tibete ou Xinjiang.

A presidente do Partido Democrático de Hong Kong, Emily Lau, diz ao Guardian que esta medida é contraproducente no que diz respeito a reduzir o sentimento pró-independência de Hong Kong. “O que Pequim devia questionar-se não era ‘como nos vamos ver livres disto?’ mas sim ‘porque é que os nossos jovens – e mesmo os que não são tão jovens – defendem [a independência]”.

Opinião contrária tem um dos dirigentes da Aliança Democrática para o Melhoramento e Progresso de Hong Kong, que condena a atitude dos dois deputados por defenderem a independência e “insultarem o povo chinês”. “Hong Kong faz parte da China”, diz Holden Chow. “Se se nega isto, porque é que se quer fazer parte da câmara legislativa? Porque é que insiste em ter lá um lugar?… Naturalmente, ficamos melhor sem a sua presença”, conclui.  

Manifestação no domingo terminou em confrontos com a polícia

Este domingo, milhares de pessoas participaram num protesto contra o anúncio por parte da China de que iria rever o caso destes dois deputados. A manifestação, que segundo os organizadores atingiu as 13 mil pessoas, percorreu o centro financeiro da cidade e cortou algumas das principais ruas.

Apesar de decorrer em clima de festa, a manifestação acabou em confrontos com a polícia, que usou gás-pimenta e prendeu alguns manifestantes. Embora muitos dos presentes não estejam de acordo com a ideia de independência do território, a rejeição da interferência política de Pequim e do ataque à liberdade de expressão dos dois deputados foram os principais argumentos dos discursos que se ouviram no comício em frente ao tribunal de Hong Kong.  

 

 

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