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Cheias em Lisboa: Bloco quer programa municipal "Cidade Esponja"

Vereadora Beatriz Gomes Dias diz que o plano de drenagem previsto não é suficiente para mitigar os efeitos das cheias e quer medidas para aumentar a permeabilidade da cidade.
Beatriz Gomes Dias. Foto de Ana Mendes.

As chuvas fortes voltaram a abater-se sobre o país e a cidade de Lisboa voltou a ter muitas zonas inundadas. O IPMA diz que o temporal ainda não acabou e prevê que a situação piore a partir das 13h. Na capital e em concelhos vizinhos, como Oeiras, muitas escolas encerraram. Em Alcãntara foram resgatadas 22 pessoas  e ao início da manhã várias estradas continuam intransitáveis. A Proteção Civil registou mais de mil ocorrências durante a madrugada, 30% das quais no distrito de Lisbos, que continua em alerta vermelho. Em Algés, a ribeira transbordou e tornou a baixa inacessível, com o nível da água a subir acima do registado na semana passada.

Em declarações à TSF, a vereadora do Bloco na Câmara de Lisboa afirmou que o resultado das intempéries dos últimos dias mostra a urgência de tomar medidas que vão além do plano de drenagem já aprovado pelo executivo municipal. Beatriz Gomes Dias propôs a criação do programa municipal "Lisboa, Cidade Esponja", de forma a criar "zonas da cidade que permitam a absorção da água como uma esponja faz". Por exemplo, "criando telhados verdes, reflorestando determinadas zonas, impedindo a construção em zonas ribeirinhas e nos leitos de cheia de modo a poder renaturalizá-los, ou seja, plantar espécies específicas dessas zonas que têm grande capacidade de absorção de água".

Na proposta bloquista, os serviços camarários devem realizar o estudo preliminar e o orçamento do plano nos próximos seis meses, identificando "as zonas que podem ser rearborizadas e revitalizadas com a plantação de espécies específicas para contribuir para absorção da água".

O plano deve aproveitar os exemplos internacionais que vão no mesmo sentido em "muitas cidades no mundo que são assoladas com cheias catastróficas com alguma frequência", prosseguiu Beatriz Gomes Dias, com vista à "renaturalização do ambiente urbano e a desimpermeabilização dos solos em zonas em que estão ribeiras e, principalmente, nas zonas dos leitos de cheias".

Isto passa por criar mais bacias de retenção de águas, à semelhança do que foi feito no novo parque da Praça de Espanha e criar uma rede natural capaz de reter “entre 70% e 90% da precipitação média anual através de infra-estruturas verdes, reduzir o risco de cheias, melhorar a qualidade da água, reduzir o impacto nos sistemas naturais e construídos e reduzir os efeitos das ilhas de calor", refere a proposta do Bloco.

Outra medida fundamental passa pela mudança do Plano Diretor Municipal para impedir construção em zonas de leito de cheias. "É fundamental deixá-los não impermeabilizados para que a água possa infiltrar-se. É preciso devolver à natureza as áreas de protecção, como os leitos de cheia, e renaturizá-los com vegetação típica dessas zonas”, afirmou a vereadora ao Público.

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