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Cervejaria Galiza: trabalhadores regularizam salários de dezembro

Segundo a agência Lusa, Nuno Coelho, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares, terá dito que “A partir de hoje [terça-feira, 31 de dezembro] não há nada em falta [aos trabalhadores]. Infelizmente continuam as dívidas, um fardo do passado. Continuam a aparecer faturas de luz, água, gás e outras em atraso. Mas os fornecedores têm tido compreensão e mostram muita solidariedade”, referiu Nuno Coelho do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares.
O dirigente sindical fez ainda um apelo ao governo: “As dívidas principais são à Autoridade Tributária e à Segurança Social. Era importante que o Estado interferisse no processo, não apenas como mediador, mas como parte ativa”, afirmou.
Através de um comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares defendeu que o governo deve defender “os interesses do Estado”, o principal credor da cervejaria. Contudo, a nota do sindicato afirma ainda que o governo “nada tem feito para assegurar um processo claro, transparente, legal e justo” e que deixa os trabalhadores “abandonados à sua sorte, ao não tomar posição, ao não tomar a iniciativa, ao não intervir no processo”.
O estabelecimento está há várias semanas a ser gerido pelos trabalhadores, após um conflito com a gerência. Os conflitos começaram com os atrasos no pagamento do subsídio de Natal de 2018, assim como uma parte do salário de outubro. Assim, desde o início de novembro, 31 trabalhadores estão a assegurar a gestão do espaço, depois de a empresa ter tentado fechar o estabelecimento.
Entenda o caso
Em 2011, um gestor da cervejaria deu início a um desfalque que veio a atingir perto de dois milhões de euros. Este montante foi desviado de impostos que deviam ter sido pagos e de contribuições para a segurança social que ficaram em falta.
Uma vez revelado o desfalque, quatro anos depois, os trabalhadores passaram a receber os seus salários em três tranches. Em 2016, a empresa entrou em ‘Processo Especial de Revitalização’, o que se traduziu no congelamento de salários, na suspensão da lei e na existência de um consultor nomeado pela patroa que alterou regras, preços, qualidade dos produtos e horários praticados na empresa.
A patroa do estabelecimento, após tê-lo gerido de forma danosa, não ter pago o subsídio de Natal e, durante meses, ter pago salários em tranches, tentou, numa noite, levar as máquinas e o stock. Os trabalhadores souberam da tentativa de esvaziamento da cervejaria e impediram que acontecesse. Organizaram-se e estão a manter a cervejaria a funcionar. Os clientes rumaram à cervejaria para mostrar o apoio aos trabalhadores, incluindo Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda.
Parabéns aos trabalhadores da Cervejaria Galiza pela sua luta. Viemos cá almoçar hoje, como tanta gente que aqui tem vindo solidariamente. É bom ver o apoio de tanta gente. pic.twitter.com/0qZpPABKN3
— Catarina Martins (@catarina_mart) November 17, 2019
Em novembro, pela primeira vez em dez anos, os trabalhadores receberam o salário na íntegra, ao invés de ser pago em três tranches.
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