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Central de Almaraz: Movimento exige distribuição de pastilhas de iodo pela população

O Movimento Ibérico Anti-Nuclear alertou esta terça-feira o Governo para a necessidade de se disponibilizar pastilhas de iodo à população que está a 100 quilómetros da central nuclear espanhola de Almaraz.
O Movimento Ibérico Anti-Nuclear dá como exemplo o caso da Bélgica onde a população é abastecida com pastilhas de iodo.

"É todavia crucial que desde já as populações da fronteira, a cerca de 100 quilómetros de Almaraz, tenham à sua disposição estas pastilhas [iodo] e que as farmácias, centros de saúde e unidades de proteção civil estejam abastecidas delas", lê-se numa carta aberta dirigida ao Governo a que a agência Lusa teve hoje acesso.

O Movimento Ibérico Anti-Nuclear (MIA) dá como exemplo o caso da Bélgica, país onde, por decreto governamental, foi decidido que todos os habitantes num raio de 100 quilómetros das centrais nucleares devem ser abastecidos de pastilhas de iodo com o objetivo saturar a tiroide em caso de acidente nuclear.

"Sabemos que os 100 quilómetros são completamente aleatórios: os ventos, as águas do Tejo podem levar as radiações no caso de acidente em Almaraz, que esperamos nunca ocorra, sobretudo porque esta central deverá ser encerrada o antes possível, pois no caso de acidente esses 100 quilómetros não são nada", sustentam os ativistas no documento endereçado aos ministros da Saúde e do Ambiente.

Na carta, assinada por António Eloy, é abordada ainda a questão da existência de um plano de evacuação em Portugal em caso de um acidente nuclear em Almaraz, que, segundo as informações recolhidas pelo próprio movimento, não existe.

"É necessário que, para além de um plano de evacuação que também segundo somos informados, não existe, esteja disponível um fornecimento adequado de pastilhas de iodo, sobretudo para os 200 mil portugueses que, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil, seriam afetados", lê-se no documento.

O MIA alerta ainda para a "ligeireza" com que o Governo português está a encarar esta situação e apela para a necessidade de mobilização de todos em torno da questão de Almaraz.

À Lusa, António Eloy disse que a central nuclear de Almaraz tem um historial de acidentes que classificou como "impressionante".

"Felizmente nunca ocorreu um acidente com gravidade superior a grau um, mas é uma situação complicada", disse.

Este responsável explicou também que foi lançado um desafio a vários grupos políticos e parlamentares, sobretudo Bloco de Esquerda, Os Verdes e PAN, no sentido de questionarem o Governo sobre estas matérias.

Contudo, até ao momento, o responsável do MIA disse não saber o resultado.

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

No dia 11 de junho, em Cáceres, Espanha, várias organizações portuguesas e espanholas vão participar numa manifestação pelo encerramento da central nuclear de Almaraz.

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