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Centenas de milhares nas ruas: Madrid levantou-se pela saúde pública

670.000 pessoas, segundo a organização, manifestaram-se este domingo contra as políticas de privatização da saúde e o caos nas urgências pré-hospitalares causado pela gestão de direita do governo regional madrileno.
Foto da Plataforma de profesionales de los SAR de la comunidad de Madrid/Twitter.
Foto da Plataforma de profesionales de los SAR de la comunidad de Madrid/Twitter.

Uma multidão impressionante manifestou-se este domingo em Madrid em defesa de uma “saúde pública, universal e de qualidade” contra as políticas privatizadoras do governo regional Isabel Díaz Ayuso, do PP, que classificam como um “plano de destruição”, e em protesto também por causa do caos nas urgências pré-hospitalares que esta lançou quando tratou de reabrir as urgências dos cuidados de saúde primários que encerrara durante a pandemia com apenas metade dos médicos anteriormente existentes.

O governo reconhece que 200.000 pessoas estiveram presentes mas a organização contabilizou 670.000, superando em muito as expetativas dos vários coletivos que convocaram o protesto, entre sindicatos, associações de moradores, vários movimentos sociais e a “maré branca”, os grupos de defesa da saúde pública e do direitos dos trabalhadores da saúde que se têm mobilizado ao longo dos últimos anos.

Os médicos da região estão em greve por tempo indeterminado, convocada pelo sindicato médico AMYTS, a que se juntam, aos fim de semana, os SUMMAT (Asamblea de Trabajadores del Summa 112, dos trabalhadores do setor das emergências de Madrid) e o MATS (Movimiento Asambleario de trabajadores de la Sanidad). Devido à carga de trabalho que lhes foi imposta pelas mudanças nos centros de saúde que deveriam estar a funcionar permanentemente, às mudanças de horário e de local de trabalho, por vezes de madrugada, e a toda a confusão que se vive no setor, vários médicos de Madrid despediram-se e vários responsáveis regionais da saúde demitiram-se. Vários dos centros de saúde 24 horas têm fechado por falta de pessoal ou trabalhado a meio gás.

Esta situação fazia prever uma forte mobilização, como se podia aliás notar pelo crescendo da

hashtag #MadridSeLevantaEl13N nas redes sociais, retirada do nome do texto de convocatória do protesto. Mas o que aconteceu foi “histórico”, nas palavras dos organizadores e Madrid levantou-se mesmo, agitando os lenços brancos que simbolizam o movimento pela saúde e dirigindo pedidos de demissão a Ayuso.

À Praça Cibeles confluíram quatro colunas de manifestantes vindas dos quatro pontos cardeais. À frente do protesto, as associações de moradores de Madrid, ostentavam uma pancarta enorme que dizia “contra a destruição dos Cuidados Primários, Madrid levanta-se pela sua saúde pública. Os médicos que têm sido acusados pela direita de estarem a boicotar o sistema de saúde, trouxeram a mensagem “não é boicote, é má gestão”.

Depois de desembocarem os quatro braços na mesma maré branca, e antes da leitura do manifesto e das intervenções de algumas dos grupos que assinaram a convocatória, guardou-se um minuto de silêncio em memória dos idosos que morreram nos lares para a terceira idade durante a pandemia. Depois disso surgiram espontaneamente os gritos “não são mortes, são assassinatos”, sinal de indignação contra a política da direita madrilena durante a pandemia.

No texto do manifesto “Madrid levanta-se” lê-se que o governo regional “está a atentar contra os direitos laborais dos trabalhadores, obrigando-os a trabalhar em condições de maus-tratos”; está a atentar contra a segurança dos cidadão, a não cobrir com médicos os centros de urgência e tentando suprir a relação terapêutica com video-chamadas, o que não é substituível de nenhuma forma”. Exige-se aumento de investimento na saúde pública, na comunidade mais rica do país mas que é a que menos investe no setor e a revogação das leis de privatização do Partido Popular.

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