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Censos 2021: INE não vai incluir pergunta sobre origem étnico-racial

O Conselho Superior de Estatística contrariou a opinião da maioria do grupo de trabalho formado pelo governo, que recomendava a inclusão da pergunta no Censos 2021.
Foto de Paulete Matos.

O Conselho Superior de Estatística recomendou não incluir a pergunta sobre a origem étnico-racial no Censos 2021 e o INE concordou com a recomendação, afirmou esta segunda-feira aos jornalistas o presidente do Instituto Nacional de Estatística. O Conselho recomendou que se encontrassem outros meios para a recolha desta informação, o que levará o INE a fazer um inquérito específico, ainda sem data marcada, prosseguiu Francisco Lima., citado pela Lusa.

A inclusão da pergunta foi defendida pela maioria do grupo de trabalho constituído pelo governo com representantes de comunidades migrantes, associações anti-racistas e académicos. Para os defensores da pergunta, trata-se de um excelente instrumento que permitirá avaliar as desigualdades étnico-raciais do país.

O presidente do INE afirmou que se trata de uma “questão complexa, que exige mais recolha de informação” e lembrou a oposição manifestada naquele grupo de trabalho por parte de representantes da comunidade cigana, por temerem o aumento do estigma contra a população cigana em Portugal.

Em declarações ao Público, a socióloga Cristina Roldão, que fez parte do grupo de trabalho, lamentou a não inclusão da pergunta, afirmando que “continuaremos a não reconhecer que Portugal tem muitas cores e que o racismo – individual, institucional e estrutural – existe”.

“Esta tarde, no salão nobre do INE, não havia nenhum negro ou cigano com poder de decisão, é gritante a ausência de representatividade étnico-racial. Hoje, os mesmos de sempre decidiram que os mesmos do costume devem continuar a esperar e invisíveis”, disse Cristina Roldão ao Público.

Nas redes sociais, Mamadou Ba sublinhou que apesar de ter sido “adiado o sonho de contar com o Estado para enfrentar o racismo estrutural que vigora na sociedade portuguesa”, este debate veio para ficar. Para o representante do SOS Racismo no grupo de trabalho, “ficam mal o INE e o governo na fotografia, pois não basta enunciar concordância com os princípios de igualdade, é preciso assumir este compromisso de forma intransigente”.

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