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Caxemira: cresce tensão entre Índia e Paquistão

Depois de vários atentados separatistas na região, a Índia acusa o Paquistão de apoiar terroristas que desestabilizam o seu território. A retórica belicista indiana cresce e a repressão também. E, dos dois lados da fronteira, os exércitos mostram a sua força como há muito não se via.
Protesto em Caxemira em 2010. Foto de Kashmir Global/Flickr

Caxemira é um território disputado entre as duas potências nucleares que já foi pretexto de uma guerra na altura em que os dois países se tornaram independentes. A partir do cessar-fogo de 1948, que deu dois terços da região à Índia, a situação estabilizou, apesar do Paquistão nunca ter reconhecido a posse da Índia e ter continuado a lutar por um referendo à população, de maioria muçulmana, sobre o seu estatuto.

Até que, a 14 deste mês, um bombista suicida atacou um carro carregado de explosivos numa caravana militar perto de Pulwana. Morreram 41 polícias indianos. Alguns dias depois, um novo ataque vitimou quatro soldados indianos.

O governo indiano prontamente lançou as culpas destes ataques no estado vizinho: “daremos uma resposta adequada; o nosso vizinho não poderá desestabilizar-nos”, afirmou o primeiro-Ministro nacionalista Narendra Modi.

As suas declarações podem até ser desvalorizadas por serem consideradas parte do jogo eleitoral num período já de pré-campanha na Índia. Mas a verdade é que, desde aí, a tensão entre os dois países tem vindo a escalar. Os exércitos de ambos os lados voltaram a estar em alerta máximo e prontos “para qualquer eventualidade” na linguagem do governo indiano. A Índia mobilizou mais 10 mil soldados para uma zona já altamente militarizada e lançou uma operação para prender centenas de habitantes, acusando-os de rebelião e concentrou mais tropas na região. Sob a acusação de pertencerem ao Jaish-e-Mohammad, o grupo por detrás dos atentados, pelo menos 400 pessoas foram presas, alguns dos quais conhecidos ativistas pelo direito à auto-determinação.

Há relatos de fugas de população nas zonas fronteiriças e de escassez de comida e de combustíveis. Vivem 12 milhões de pessoas em Jammu e em Caxemira.

Do lado paquistanês, o primeiro-Ministro Imran Khan, apesar de ter condenado o terrorismo e de se ter oferecido para ajudar a investigar o caso, avisou a Índia que retaliaria qualquer ataque. Khan, que perguntou “o que beneficiaríamos com tal ataque?”, acrescentou que iria “agir imediatamente” de acordo com as provas que a Índia apresente sobre o caso. Apesar da moderação de linguagem, o país não deixa por isso de ser apontado internacionalmente como um dos apoios do Jaish-e-Mohammed.

Neste domingo somou-se mais um episódio de violência armada que acabou com cinco mortos: três rebeldes, um polícia e um soldado. Foi um dia de protestos generalizados em Caxemira com o fecho de lojas em protesto contra a repressão. E, na sequência do tiroteio, centenas de manifestantes saíram às ruas em Turigam, atirando pedras às tropas. A polícia abriu fogo e lançou gás lacrimogéneo, fazendo vários feridos. Estes confrontos duraram todo o dia.

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