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Catarina Martins: “A Cultura é um espaço de disputa política”

Na abertura do Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso – a porta-voz do Bloco de Esquerda afirmou que “a cultura é um espaço de disputa política, porque o capital financeiro faz essa disputa e nós também temos que a fazer”.
Abertura do 3º Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso
Abertura do 3º Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso

O terceiro Desobedoc teve início nesta sexta-feira, 28 de abril de 2016, no cinema Batalha, no Porto, e decorre até domingo, dia 1º de Maio (veja site e página de facebook).

Na abertura do festival de cinema e documentário, Catarina Martins falou sobre a cultura ser um espaço de disputa política e relacionou os três anos do Desobedoc com a evolução da situação e do ambiente político na cidade do Porto e em Portugal.

“Temos tido tempos, que Fernando Rosas ontem, na sua aula de jubilação, chamava os 'tempos de desmemória'. Eu diria também tempos de desencontro, em que quando olhamos para a televisão ou vamos ao cinema, ver o que é a produção maioritária da grande indústria, e até quando lemos jornais, acabamos por ter pouco eco de boa parte daquilo que se faz nas nossas vidas”, começou por salientar.

Referindo-se ao que se passa em Espanha, questionou “teremos acompanhado nós o que foi a luta contra os despejos e a forma como deu corpo a uma resistência em Espanha contra a austeridade”? Lembrando o “que se está a passar com o fecho de fronteiras aos refugiados e aos migrantes na Europa”, perguntou “temos nós eco dos movimentos pela Europa que tentam abrir essas fronteiras dessa solidariedade”? E destacou: “Há um presente de coisas que mexem, como há uma memória da insubmissão de quem nunca nunca se resignou aos inevitáveis da opressão”.

Falando do primeiro Desobedoc, que teve lugar em 2014, a porta-voz do Bloco afirmou que “foi, em boa medida, uma homenagem para nos lembrarmos a nós próprios de que a insubmissão é o caminho de sempre, quando dizemos que o presente nos é negado”.

“Em 2014 fizemos um Desobedoc com memórias de revolução, mas também com as histórias do que se passava um pouco por tudo o mundo, do que podia ser a insubmissão”, disse Catarina Martins e apontou: “Aqui estamos em 2016, porque a Cultura é um espaço de disputa política, porque o capital financeiro faz essa disputa e nós também temos de a fazer”.

“É uma disputa plural, contraditória, deve ser feita de tantas diferenças, como diferentes são as perspetivas do mundo. Mas, aqui estamos, a poder ver filmes e documentários a estrear e outros que são de há tanto tempo, mas são as nossas referências de sempre, que disputam perspetivas diferentes sobre a vida, seja ela a vida política e coletiva, seja as conquistas dos direitos individuais”, realçou ainda.

A porta-voz do Bloco lembrou também que o Desobedoc foi ainda uma disputa da cidade do Porto, então “com uma autarquia que dizia que a cultura era a pior coisa que podia ter acontecido ao Porto”.

Abertura do 3º Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso

Abertura do 3º Desobedoc - Mostra de Cinema Insubmisso

“Em 2014, juntámo-nos num tempo que era de resistência, de insubmissão, cruzamo-nos agora aqui no terceiro Desobedoc três anos passados em condições em tanto diferentes, mas também em tanto iguais”, sublinhou a deputada e, criticando a direita, lembrou que “este é também um tempo que não é tão diferente... como nós gostaríamos”, que diariamente é dito “que nada pode ser feito” e “que ter esperança ou construir dignidade é um risco para as nossas vidas”.

“Cada dia fazemos disputa, disputa pela insubmissão, pela alternativa, contra a inevitabilidade e garantia de que é por que estamos juntos, porque sabemos que há um caminho difícil a percorrer, porque queremos força para uma maioria que liberte o país da austeridade e para uma maioria que saiba que, quando se fala em Europa, tem de se falar em solidariedade”, concluiu Catarina Martins.

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